sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O poeta no escuro

Não foi quisto se falar nada enquanto a noite inteira e seu dia presente fizessem sentido, mas então aí o corpo precisaria de sentido, o morto também; o dinheiro e o sono também esperam. Meninos, a rua está aí ainda porque precisa esperar o cataclisma. Inteira, é lembrança do homem e seus membros de ferro e concreto, que se esquecem de toda areia que se usa. Pois é, a rua é lembrança.

Meninos, já que o morto precisa de sentido, que dizer da morte? Dona Morte, miss alívio. Menos um, menos todos. Oferecida inclusive aos que não lhe admiram, nao a entendem, mademoiselle espera seu ritmo em verdade. A morte é lembrança.

O discernimento, a compreensão, a abertura dos pensamentos também são lembranças. Mas não há quem os defenda acima do enigma supremo que é a vida indizível, parte pronta a sumir no Universo... e tome seu banho de galáxia, que não precisamos disto agora, estamos muito ocupados falando ao celular.

Meninos, o que resta é o fim. Ou pelo menos, o branco, o silêncio, o vazio ou o apagado. Aí lembremos do parentesco com o esquecido, o enterrado, o natimorto. O que resta é o fim. O que carrega é o fim. Deus está no fim de tudo?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Click

Poesia é o resta, correndo como a cauda de um vestido. Dos meus sopros nada resta, embora seja agora considerável percorrer minha vida em meu silêncio prelúdio de todos os sonos sem sonhos, construindo delicadezas de areia molhada em busca de zênites, talvez somente galáxias artificiais, talvez olimpos que nada digam ou mostrem. Poesia é o que resta em meu instinto estrábico, em meu perceber-o-mundo vulgar, longe de tantos prazeres gratuitos e poucos idealizados; continuo então a penar minha virgindade, que de nada serve embora conserve-se esquecida. Então encerrarei a lexia profunda dos versos, da poiesis, da imitatio. Quero sorver algum sentido em tudo eu sozinho.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Consequência

Um novo eu, uma nova busca. Lendo sobre dogmatismos finalmente percebi que a verdade não servirá muito em mim ou em meu mundo pós-hodierno, sabem? E o que eu quero mesmo é ferrar este domingo com batata frita. Não ligarão, nem o vazio em mim, digno de evangelização ou vício, nem a burocracia, a festa das obrigações que empobrecem meu mundo.

Meu mundo... É tudo e o que há! É tudo o que sobra. Falando nele, preciso urgente reinventá-lo em linguagem, posto que já está rota, ou na pior da hipóteses, rotten. Quem sabe (por motivo ou desejo de concordância, procurou-se aqui unir os pontos do primeiro e segundo parágrafo) é sintoma modernoso se viver e escrever termos referentes à resto, homem, tempo,verdade (aff!), morte e amor.

Perco minha auto-suficiência na medida em que vejo a realidade se encontrar com tudo, mas apenas no discurso, consequentemente o amor em mim se perde, se esvai, deixa de ser verdade. O resto dessas equações estranhas (que é resto de tudo) é a busca de um prazer não saudável por algum homem, que está pronto a ser qualquer um. E de nada adiantará essas danças sem morte. O que fazer com as formas sobressalentes da vida até lá? Ferrar o domingo em batata frita, por exemplo.

Encerro com um terceto do poema Moléculas de Idéias num Pequeno Sistema de Incerteza, de Marcello Sorrentino, poeta que descobri um dia desses, e figura aqui em aparte meu por sua verdade = realidade minha: VI. E porque eu não sei nada sobre o silêncio/ ou sobre as estrelas,/eu pagarei Deus com minha própria morte.


Condensadas ou expostas, necessárias ou não, as palavras ainda são a tábua de salvação de nós, vítimas pós-modernas de qualquer coisa a ser nomeada definitivamente daqui a meio século. Elas brincam tanto com a iminência do corpo e do espírito que nos fazem ficar como fiquei ao ler especialmente este terceto: speechless.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Quinta

Inevitável, morna, sai de minha boca a verdade indubitável do pão quente: poesia é diálogo com a solidão. Ou da solidão. Embora estejamos palavras cheias de tus e eus, qualquer coisa escura se aproxima.

Exemplo: aquele homem que vi no ônibus tem cara de chuva. Ou porque ele absorveu o nublado do céu ou porque o desejo dos nimbos em fazer chuva veio em suas costas. E em silêncio me desencanto, e agora sei que é necessário esse diálogo com coisas fugidias, posto que ninguém se importará em me deixar (e meus dramas, minhas remessas de cartas invisíveis, as partes sempre mal colocadas de meu discurso, etc).

Outro ponto a ser enganchado aqui é a função desta solidão ou de seu diálogo ensimesmado. No fundo de tudo obtém-se a clara e fraca luz das desmentiras. Portanto segurem isto algo-sem-importância, que as noites de sábado na casa vazia serão necessárias para o priapismo insosso de poetas, como eu agora, sabatino/dominical-noturnos.

Nestas horas de janelas fechadas, irmão algum torna-se aceitável, ou mesmo perceptível. E eu falo de todos, até dos bichos, mas aqueles andarilhos, que ainda conservam uma certeza brilhante nos olhos não-convencionados à convivência. Tire tudo da sala, esqueça o café. Ainda que sem sentido primevo, este texto guarda, em sua harmonia mundial sobre a solitude (agradável a muitos ouvidos e olhos) parte de minha incomunicabilidade.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Domingo

Bem, como vão as coisas pra mim mesmo neste silêncio onde se lê mais uma vez confessada e verdadeiramente as últimas palavras carregadas de tédio e espelhos precisos cheios de premonição e corpo inteiramente mágico e presente do fim dos tempos inegavelmente estranhas e necessárias a todos os meninos de vinte e um anos da França ou da Coréia enfim coisa necessária a qualquer um que esteja perdido e lúcido em sua cinérea e imaginada imagem de dedos e escuros pendidas como se só isto fosse vida e de onde carece desnecessariamente de saídas e lonjuras mornas e homens inteiros sobre o corpo para calar-nos de nós mesmos a estas horas insossas mas que revelam mais que o deslumbramento da infância contígua e endossada à esta juventude que se procura infiel nela mesma e se reduz e se imbrica na chuva no sabor de uma uva no cheiro de uma verdura ou no toque de um calo sem a ideia permanente e muitas vezes necessária ao autotelismo inexistente do amor longe do coração manifestação auto-fecundante da tarde e do sono e do beijo longo e do frêmito dolente que verdadeiramente autotélico descansa nossas roupas e influencia docemente as pernas a se abrirem os dentes a se afiarem e os loucos a se calarem todavia em vez do túnel e do tubo atravessador das eras e dos desejos guardados no futuro e pendentes no passado travesseiro pergunto como vão as coisas pra mim mesmo neste silêncio onde se lê mais uma vez confessada e verdadeiramente as últimas palavras carregadas de tédio e espelhos precisos cheios de premonição e corpo inteiramente mágico e presente do fim dos tempos inegavelmente estranhas e necessárias a todos os meninos de vinte e um anos da França ou da Coréia que são as de Rimbaud?

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Lubricezas

Insisto. Ele não consegue tomar forma de poema. Mesmo sua poesia está desidratada. Espero. Sopro-o solfejando. Espero. Tomo-lhe o queixo, estranho-o. Minha mão dentro de suas calças e realizo o fato dele ser um homem.

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Inspiro. Prometo. Nada me compromete. Esfinge. Que coisa, nada parece simples?! Que ódio. Investigo. A visão de carne e polpa, textura sexual se esvai, graças ao bom Deus. Ainda permanece informe. És um homem afinal, mas não existe além de fotos. Que nojo.

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Não, não persevere. Nada quero à noite. Me incomoda, o cheiro estranho, a forma não usual, a dureza nada tênue. Desista. Estou morto pra ti, esqueça-me, sou um louco. Um vadio onanista entre muros de uma rua deserta. Tenho taras. Afaste-se. Vou te engasgar...

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Sabes bem que gozar é uma resolução. Que faremos agora, além da garganta seca, do cansaço meio frustrante? Sente-se. Coma alguma coisa. Tarde alguma nos entenderá. O lençol encharcado, lavarei. O látex, dissolverei. O cheiro estranho só é estranho agora. Ele me trouxe até aqui.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Resoluções

Falei e ainda falo deveras numa tal de verdade, que apesar de não ter rosto, todos querem conhecer. E é verdade absoluta, deflorada, oculta. Mas encaremos a verdade: antes que mentira, isto é um equívoco cultural entre os bons. Esclareço então a mim mesmo pelo menos, as trapaças que a linguagem pré-cozida encerra nos vários contextos da vida, e creio empiricamente no engaiolamento das palavras em grupos prontos, tipo isto pede aquilo, e assim vai. Concluindo: propondo verdades, calço inverdades, e assim caminha em clichês a humanidade (sentem o drama?) ...
 
Enfim, verdade é realidade, verdade se beija, verdade se come com farinha? Por qual Judas a persigo, ou a ferindo, afasto-a? Verdade pagará minhas contas, levará minha carcaça incerta a todos os limbos (A interrogação não é algo que afaga, a saber)? Antes que'u conceitue ou até mesmo que me banhe e esqueça deste papo, é bom definir o que penso agora agorinha; que enveredo por trilhas sujas na procura dum pharmakon. É hora de abrir os olhos e os dedos. Na verdade, tenho uma alma meio velha para esse tipo de desatenção. Pero, trata-se dum pharmakon, lembram? Então colhamos a realidade, ou seja, parte de verdade!
 
O que mais meus caros? Cuidado. Não só com a questão entreaberta aqui, mas com tantos outros conceitos que tornam mornos nossos ímpetos. Citemos: verdade, juízo, amor, nojo, o et coetera. Todo o nosso instinto social e coercitivo admite aspectos da sociedade, vida amorosa ou do quilo do feijão, como nossa boca concebe inteira nossa língua.
 
Assim como quem não quis nada, medi informemente esta dúvida rastejante vinda de meus discursos, e como discurso é discurso, sintam-se extremamente corroídos por elas, eu permito. Tomemos um fato: esgarcem ampliando, como um chiclete, qualquer proposição aqui posta. Então, de reflexão em reflexão, de consideração e consideração, vocês provavelmente chegarão a um conceito ou pedregulho (velhas conversas sobre sujeito e objeto...). Segurem-o com as mãos possíveis, e, o que têm? Eu digo que é verdade.
 



 

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Lúdico 2

É, realmente ainda está em uma prateleira.
Foi o que sobrou do passado, eu estava pronto.
Magro, mas perfeitamente manipulável,
ele não me imagina como presa ou picolé,
parece que ele me tem como uma viagem esquecida.
Ainda sou papel de pão,assim.
Sem aqueles papos de amor (que coisa
cultural) ou paixão rósea sangrando...
Sem bocas que me lembrem Jeff Stryker ou
que desviem a Ted Colunga.
Sem nada que lembre o rosto ou a manhã
ou qualquer coisa enxuta que não um projeto
(fomos todos um projeto).
Longe de minha culpa, amei sozinho.
Amei como se come e se deseja estar sozinho.
Final óbvio:
Minha vida poderia ir-se pela dele
pero descobri que mesmo
a morte pode ser em vão.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Links

Três links para trabalhos meus no blog do Plástico Bolha, jornal que eu adoro!

http://jornalplasticobolha.blogspot.com/2009/10/nightwork-um-poema-de-sebastiao-ribeiro.html

http://jornalplasticobolha.blogspot.com/2009/10/novidade-ou-na-falta-de-um-poema-mais.html


http://jornalplasticobolha.blogspot.com/2009/05/blog-post.html

Ipês

Outubro. Anos e anos passaram por ele. Eu mesmo fui um ano inteiro a esperar pelo seu Sol, púlpito de nostalgias (seja lá onde isto seja). Um ano inteiro é um túnel onde me arrasto e a cabeça sobe intermitentemente pelas horas modificadas em unidades sóbrias e burocráticas, chamadas meses. De hora em hora espero um mês chegar. Vão-se todos. Ficam os ipês. Os ipês e seus outubros, suas costas, seus empecilhos. O outubro de dois mil e oito foi romanticamente especial, não pelos corpos, mas pela vida mesmo. A natureza é algo imenso e assim me calaria. Entretanto, à plena voz, luzes e luzes vindas de troncos pálidos e ásperos enchiam minha cabeça de coisas, coisas poéticas. Os ipês são parte completa de uma lembrança chamada símbolo; o símbolo é coisa que arde n'algo chamado referência. E referência é constante que busca sentidos, sentidos vários a algos de infância e juventude arenosa. Muitas vezes estes sentidos são somente devaneios ou partes perdidas de anseios velhos; e de tudo isso, como um segredo, revelo a todas as pontes e a todos os homens que um ipê florido e quente numa tarde de outubro é um ser em seu sentido amoresco.


quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Aguardem os ipês...

Amigos, minhas férias mentais se acabaram, e não sei se isto é totalmente bom, pois o sistema me quer deveras. E isto é o que sobrou da ceia (risos não, por favor). Já penso num novo projeto, um novo livro: novas sintaxes e imagens andam me figurando, estou esperando cada poema dizer o que quer dentro de mim. Me espero e me retrato, esta é a verdade.

Ontem assisti ao Fahrenheit 9/11, e se não fosse pra fazer um artigo de faculdade, isto "daria samba", ah, com certeza. Emoções multiformes tomaram conta de mim. Nem sei se deveria tecer algum comentário sobre, pois pareceria que eu deixaria escapar tanto lirismo por aqueles mortos e desesperados no Iraque ou por aqueles soldados desavisados, iludidos por um presidente, que sendo presidente ou não, sendo um Messias ou um Papa, sendo uma árvore ou um vulcão, ele não passa de um perdido. Não por favor, mundo, de perdidos já bastam nós.

Antes que forças externas tomem conta de mim (isto é, corpo e função), escreverei. Escreverei de uma maneira minha desafiando mesmo o bom senso; vida nenhuma encontra o bom senso no desespero ou na angústia, ou na indecisão e no êxtase. Perdidos, é o que parecemos. Aqui em meu canto, desconhecido das altas esferas políticas e comerciais, ainda sou somente um rapaz pobre que mora longe, feio também, mas isto absolutamente não é pertinente. Pertinente é a viagem de minha mente (e muitas vezes do meu corpo) no clímax de um texto, especialmente quando eu o produzo; pertinente é cair em marasmo quando o corpo não aguenta tanto conhecimento. Pertinente é reunir meia dúzia de malucos como eu que discutem ou inventam literaturas, idéias, sonhos, vontades.

Igor, um amigo meu, destacou n'A Hora da Estrela, de Clarice, que o narrador, o Rodrigo S.M, escreve por não ser somente um acaso como Macabéa. Entretando ele soube transformar o mundo macabeano num épico triste de proporções modernas, miúdas, cinzas, mas pertinentes! Sou assim também. É pra isso que muitas vezes o mundo cai lá fora. Preciso perceber-me.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Quieto

Quinze minutos para conseguir a concentração/inspiração que dá sentido ao dia, de algo novo, mais um expurgado além de tantos acocorados. É nesta pressa que me exponho ao vazio, provavelmente; todos com seus afazeres e eu com esta fraqueza de palavras! Bem se vê que não sei nada.

Surgido do nada (não derivado ou proposto) estão o poema, o sono, a esperança. Não se sabe donde vêm, mas estão bem postos em qualquer lugar, sim, estão. É a marca da vida. E também é a marca do que se joga ou espera. Escrever coisas óbvias é se jogar; sibilinar os algos é esperar.

Entretanto, entre este ou aquele, não serei eu quem sobrará. Do lixo do mundo basta eu, com minhas insinceridades e minhas perdas, diria, aleijões. Pensando melhor, não é que eu seja mentiroso e tal, talvez tenho me colocado como vítima desta época.

É tempo de se calar. E ler, ler, ler até a vergonha na cara se tornar máscara. E meu silêncio gestará a beleza, que cairá como saliva dos dentes. Fazendo-o com o risco de cantar somente a cala. E cantá-la no invisível, invisivelmente.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Experiência da ausência

Feche os olhos, veja suas mãos. Aquelas ideias de ontem já se perderam. A alegria foi uma chuva no telhado. O brainstorm também é uma chuva no telhado. Mas nos falta um sistema. Ontem foi um dia de alegria, e hoje também o é, mas encarecidamente pelos céus ou pelo chão mesmo, as palavras tomaram uma forma indecente, estão invisíveis. Eu tomo uma forma incrível, a de um poeta do silêncio.

Leiamos: corpo morto, mas inteiro, cheio de podridão e paraíso, mas silente. Silente como uma rosa. Eis que a rosa diz mais, posto que explode em vermelho significativo. Mas, e o cara que escreve? O que dele sobra? Dele sobra o terreno informe onde cresceu a rosa. Vejamos o dele se percebe:

como se faz um conjunto vazio?

Realmente, parece que o fato de estar morto é um exagero. Exagero é ele mesmo se esquecer entre o nojo que lhe dá o exagero. Muitos mundos ainda restam até um pouco de consciência ou coerência; bem sei que de longe quase nada se faz ou se fez, até que o silêncio teve de dar lugar ao ritmo tranquilo da re-consciência. Feche os olhos, veja suas mãos.

Expressando matematicamente o que ocorre, todos perceberão a pressa de uma vida em se expressar e tornar perfeito o canto de todo um espírito, o espírito de um Respondente, como Whitman sugere. Fechei minhas mãos e abri os olhos para poder ler Rilke. E me calei. E agora sei que me calarei onde e até for possível, que minha tristeza ainda assim é uma rosa de vermelho significativo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Sem técnica

Sem ânsias, querido.
Flores de ipê finalmente
em setembro
inventadas nos braços
sem motivos fantásticos
sem formas de aço.

Sem anjos, meu bem,
sem espelhos.
Sem positivismos
- estamos aqui porque
fomos sementes.

Sem estragos, amor,
posto que minha boca
não queima em calar-me
a dizer-te 'amor',
e isto e em todo canto
parecerá
uma mentira.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Selo Vale a pena acompanhar este blog!



Fui indicado pelo amigo Shintoni do Duelos Literários a este selo que de algum modo me familiariza com os leitores. Muito obrigado a todos que acompanham meu blog, nem imaginei tal. Mas devo responder algumas perguntas pelo regulamento para aceitação do selo:

1.Por que resolveu criar um blog?

Porque sentia necessidade de me expressar de uma outra forma que não fosse somente o formato poemático, além da vontade que eu tinha em escrever sobre outros temas que não se adequavam a uma estética deste tipo, mas de fato a poesia é maior, em prosa ou verso. Sem contar que estava cansado de ser um poeta no escuro. Gosto de compartilhar até certo ponto minha técnica e visão poética, o poeta tem de ser livre e sua poesia também. Com moderação e contexto, claro.

2.O que te dá mais prazer blogar?

Aquilo que mexe com a cabeça das pessoas, algo como diz minha amiga Ana, inesperado. Mas pretendo sempre de alguma forma mesclar aspectos pessoais de vida de todos, incluso óbvio a minha. Se cheguei a este ponto, creio que não cabe a mim dizer.

3.Qual o assunto que você mais gosta de postar?

A vida.

4.Por que escolheu esse nome para o blog?

Sebastião Ribeiro é meio sisudo, e como estou me expondo de alguma maneira no blog, preferi ser somente S. S. Ribeiro, com orgulho do sobrenome underlinezado pela poesia.

5.Você costuma visitar outros blogs?

Claro, principalmente de amigos, mas muitas vezes encontro algo interessante fora do círculo comum, como vocês verão.

*******Creio que devo indicar seis blogs. Aqui estão:

DUELOS LITERÁRIOS: www.duelosliterarios.blogspot.com - O BLOG QUE ME DESCOBRIU!

BLOG DO BOLHA: www.jornalplasticobolha.blogspot.com - O BLOG QUE ME EXPÔS!

NENHUMA BORBOLETA AZUL: www.nenhumaborboletaazul.blogspot.com - ESTE RAPAZ ME CONHECEU NO BLOG DO BOLHA E ASSIM FIQUEI SABENDO QUE ELE É MUITO ORIGINAL.

PROSOPOEMA: www.prosopoema.blogspot.com - O SENSUALISMO DESTA MENINA ME FERVE!

IGOR PABLO: www.igorpablo.blogspot.com - ESTE MENINO ESTÁ COMEÇANDO E PELO QUE SEI, PODERÁ VIR A SER UM POETA ESPECIAL... DEEM-LHE TEMPO!

C E N T R A L D A P O E S I A: www.centraldapoesia.zip.net - APESAR DE ESTAR DESATUALIZADO, OFERECE BOM PANORAMA DA POESIA CONTEMPORÂNEA MARANHENSE, ALÉM DE CONTAR COM TEXTOS DE GRANDES POETAS ADMIRADOS.

E é isso. Até sermos nós mesmos em breve!

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Ends

Adoro este trabalho burocrático. Ocupa meu tempo nas horas esticadas do homem pragmático e se converte em soldos no fim do mês. Lá fora as pessoas pensam em tudo, inclusive carros e roupas, tudo, tudo. Lá foram pensam em sexo e me deixam louco. De raiva. Porque são mascaradas. Outro parágrafo, por favor, que o assunto não era este.

O assunto é a lonjura da verdade. Esta verdade que corre ao mesmo tempo que nós, mas, pra que verdade? Os conceitos e as vontades podem ser tão poderosos que não se dão o luxo de serem mentira ou concretude de uma vez só. Aos poucos, no pensamento, bem sabemos. Assim como bem sabemos que às vezes nos dá preguiça de pensar (e tome serviço!)...

E tome obrigações em uma realidade que se perde lá fora, e mesmo da pior maneira, seria precioso estar lá fora, ao menos um dia, para registrar, condensar tudo que sinto e mal digo. E firo e confiro as tristezas que ficaram em minha juventude recente, como um poema em que eu dizia que ' ele lá fora e eu lia Florbela Espanca'. Bons tempos aqueles, pois sentia que amadurecia, bem que sempre amadureci, posto que derrotas e silêncio não precisam necessariamente preludiar uma desgraça imediata e definitiva. Estamos tratando de vida, e estar assim despercebido dos olhos da realidade é simplesmente viver, como se come arrozfeijãofarofa.

Como este post aqui me despeço, pequeno e meio maltratado. Meio insosso, cheio de dúvidas, cheio de impalpabilidades. Acho que necessito fechar os olhos e me esquecer em outrem, mas muitos estão como já disse, mascarados. Sei que o amor é mãe inteira e sei que o amor não é o mundo, nem um prato que se esquenta no micro-ondas; por isso ainda lamento o fato de estar sozinho, pronto para tudo, para subir ou morrer.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Verme?

Eu amo o Outro
este Invisível e Presente
homem todo longe
daqui.

Amo-o com a razão
de um dia
que se acaba;
sou-o, mas não sabe.

Crente que o amor
não é fugaz nem
cinzento,
sinto informá-lo
que estou profuso
de sentido
como
as Montanhas Vermelhas
de Madagáscar
(sinto muito).

Sei-o como se sabe
um poema
ao mesmo tempo tão
meu,
embora ferida aberta
para o mundo,
e nada me servem
autorias e desastres
se continuo mudo
em sentido preso:
como ele,
Inexistente
até ponto das noites
ou dos carros
ou dos insetos.
Ele não vive
senão do que
como e sonho.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Hei, hoje!

Pelo dito e pelo não dito, mais uma vez estou aqui, crente que ao meu redor não existem trevas suficientes para abarcar-me... mas elas de fato estão muito fracas. E assim, propositalmente, sei que não estou arrebatado deveras para encher-lhes os olhos de luz e cor, mas pretendo continuar a tecer meu papel crítico frente ao que ainda faço: poesia.

Talvez não publique aqui tantos poemas, porque sinto que a linguagem proseada é mais eficiente para um primeiro contato; porém, especialmente porque vivo em constante reavaliação dos processos de criação. Porque vivo na pós-modernidade. Ontem durante uma aula, me abriram bem coração para isto. Então compreendi que meu silêncio, que tantas vezes compromete meu desejo de expressão, é resultado da condensação de tanta ânsia e de tanta pressão e de tanta pressa e de tanta verdade e de tanta asma, e isto faz com que acerte no que Meschonnic escreveu:

entre cada palavra um deserto
no interior das palavras o
deserto
e em cada letra eu
sou grato
ao silêncio
por tudo o que me permitiu
gritar

Henri Meschonnic

Não posso tomar uma decisão peremptória e corrente para meus rumos se estou emocionalmente e estupidamente envolvido em meu tempo (eita, que isto de pós-modernidade quebra meus dentes). Depois de dois livros prontos e muitas reinvenções, sei que a verdade é quista de uma maneira muitas vezes ilusória, mas ela é extremamente necessária à minha pessoa, e à de muitas ainda, por isso acredito na qualidade do eterno.

Então é claro o desafio, que enquanto estamos vivendo com esta libido para escrever, muitas dúvidas surgirão, mas grandes escritores são os que conseguirão persuadir estas paredes e montar sobre o entulho. A magnificência do mundo, para nós, escritores que procuram retratar seu tempo com compreensão, está provavelmente depois de nossos corpos. Entretanto somente viver nos revelará tais e tais maneiras de sobreviver além de um blog, ou um livro em si, ou ainda um prêmio ou um troféu; são estes modos excessivos de celebridade que às vezes me cegam, mas creio que estou ficando velho, e os prazeres absolutos e sonhados ainda são inacessíveis desde os primórdios de meu embrião. Enfim, entre contas e créditos, meus epitáfios já estão sendo escritos.

Selo MasterBlog


Publico aqui o selo porque, papai: TER UM BLOG BOM ( DE VERDADE!) NÃO TEM PREÇO!
Valeu galera do Duelos!

sábado, 8 de agosto de 2009

Lúdico

Sem vontade, murcho,
te digo inerme que enquanto
vais e voltas,
desprezo ou alegria imensa,
tudo é a mesma coisa,
a boca é a mesma,
o corpo magro mas
imensamente desejado,
tudo isto misturado
a esta lua que parece
ter sido feita em Dubai;
porém creia, que toda dor,
tesão em ódio
e inspiração ainda parecem
com amor,
para que provem o contrário.

Uma tarde inteira esta a ser
aquecida com
as mãos que me tocaram
neste sábado
e finalmente gemerei pensando
em ti,
longe de qualquer
rastro do Pornosleuth.

Ainda assim, e com tudo e nada
e todos em ninguém,
te ter como amado é impreciso
e fraco,
é como todos os versos que
tramei mas acabaram pifados;
ei, moreno,
ainda te quero longe de tudo,
longe dos sonhos inclusive,
quero finalmente saber o que a
cegueira mundana
esconde sobre
tuas formas e teus mitos.

Mais ou menos como poetou
Meschonnic,
vou me esconder em
computadores ou
biombos
e vinho barato,
vou buscar todas as Stella Artois
do mundo pra relembrar
esquecendo
minhas invenções por dois
anos,
evocar no silêncio
de cravos ou rosas
aquela minha decisão
unilateral de te querer.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Hard

Para um mundo que não acaba: e sobre o cansaço proveniente dos pecados, ou das esperanças, ou das famílias e seus dilemas, ou pobreza (ainda mais, da dificuldade); onde coroamos as necessidades? Não me arrisco nem me revelo a dizer: Cansei! Mas, hoje já é agosto, mais que isso, hoje é dia (ou maneiras lucíferas nos corações desgastados)! De vez em quando isto surge, para os poetas ou para os estômagos ansiosos por víveres diversos: quadris, sexos, farinha.

Isto é maneira da esperança que quis esquecer, mas a nomenclatura correta para o espírito que pede pureza vocabular é esperança cansada. Porém, é ela que me permite ainda pensar em flores de cerejeira apesar dos amigos falsos e sonhar que minha mãe será muito feliz inteiramente apesar dos ônibus lotados e pedaços de assaltos. Entretanto ainda me é totalmente permitido gritar ‘ Cansei!’, porque me olho no espelho, e um pouco pior, olho aos outros no espelho. Daí vem a permissão para gritar no escuro de mim.

Uma pequena consideração final desta linguiça a encher: espíritos em desacordo ou desequilíbrio com outros espíritos são somente capas de folhas de arroz recheadas de marasmo. Ou agonia e tédio. Tudo isto me vem à mente por causa daquele amigo falso, que se revelou um ser discretamente, como digo, ‘à toa”. Melhor, quer concorrer a Best Villain, no MTV Movie Awards.

Leitores que tanto estimo, pensem um pouquinho nisto. Talvez vocês não terão o trabalho de pautar estas considerações, pois certamente elas surgirão em alguma centelha ou uma chama inteira no orgulho e no silêncio de todo homem e mulher livre de espírito, e cansado das mesmas notas dos dias amarelados. Lamento a inconveniência deste texto fraco, voltemos a dias melhores, e mais profusos, quem sabe, de coisas fúcsia.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Funcionalismo

Trinta de julho é quase agosto, e felizmente vejo o tempo passar, pois não existem prioridades intensas até esta manhã; é que não faz bem a um espirito perturbado deitar-se para morrer... é esperar demais. Bem, perturbado? Sim, pois assim (creio eu) andam os inauditos.

Aqui em minha cidade (que é tudo que meus olhos podem pegar) um ladrão de ônibus se estragou: tentou fugir, mas levou um balaço no pescoço, morreu num galinheiro de quintal. Ontem no banco da frente do ônibus, vi uma menininha (quando adulta, talvez a reconhecerei algum dia, seus traços eram inconfundíveis), e pensava que seria uma pena se ela morresse agora, em meio a esta noite fugidia e seus malfeitores também fugidios. Estamos ao vento, somos folhas.

Porém, pouco sinto agora da consciência de ontem, embora que a consciência de agora seja maior que a consciência de sempre. Ontem a noite, pela ponte do São Francisco (que é a ponte que liga a São Luís velha à nova), tive consciência de meus olhos cheios de brisa e da boca já podre de tanto sal marinho. E de meus braços, que inventaram não sei o que para tocá-los. Mais uma vez tive certeza que fui um poeta do silêncio.

Como sentir que seus olhos são os únicos ouvidos, e que a inspiração agora equivale a um prazer sexual. Carne, carne, carne, é tudo que a insignificância me ensina. Em palavras mais específicas: matéria, matéria, matéria. Tudo que há são ônibus, que desafiam o tempo como eu, e as confraternizações frias do amor silencioso, seja lá o que isso pareça. Em outra parte, sei que estas e outras considerações invertidas que a manhã ou o cansaço da noite oferecem, bem, sei que elas estão mais perdidas que flores de ipê em outubro.

O espírito ou as intenções dos homens às vezes provocam gestos irreparáveis, como dores. Mas, eu penso no lado positivo: o Japão teve o maior crescimento industrial em vinte anos e o dólar baixou ontem a R$ 1,827! Ou quase isto. É sempre quase isto, profundo no aquilo, de algum modo, tomada a devida proporção. E todos os cantos têm vocação para serem gritos de morte ou despedida, e todos os homens tem estilo para serem os últimos de uma nação e todas as viagens têm trejeitos de serem somente de ida. E eu aqui (doente de algum modo...), esperando sem reserva a mim mesmo para o mundo.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Contradição

Esta primeira palavra, que poderia ser ‘parva’ ou ‘estupidez’, talvez ‘fraqueza’, mas, enfim, como para tudo que se sabe demais sempre há exiguidade, creio que chegou a minha vez de dizer que em meu discurso diário não existem milênios, e que, o que agora foi falado mal carrega o presente, despindo-se assim, dos diáfanos e das exuberâncias do brilho ou da cor.

Como um homem que se esquece do cansaço, atiro aos sábios as sugestões; muitos sabem a poesia como uma mágica, mas o instinto é imensamente pornográfico, e já não permite dores que não as totalmente explicáveis pelo corpo.

Como Whitman, bem que gostaria que me permitissem estirar-me numa relva perfeita com o mundo aos meus olhos; mas o que acho, é que quebro o protocolo da vida imensa quando admito que o silêncio seja um lirismo ideal. Tenho dito e extinguido tantas formas, que não tenho percebido neste instante que estou pregado no papel; agora é tarde pretender sonhar a intenção dos versos e sua incauta extensão de sentido, que é o que salva e coroa o que se diz ’poesia’.

O mundo (creiamos, suas flores, seus corpos, seus espelhos, seus álibis) é consciente somente nesta metalinguagem fastidiosa, não-plena e ferida. Mas, qual é o ponto, a matéria, the matter, o tema de tantos objetos poéticos? A lacuna desta pergunta e de sua resposta está no dia de hoje: o que é ouvido, sentido e saboreado? Aonde os homens se percebem? Aonde se quebram?

Pois, homens, é certo que só falamos a nós mesmos, e claro que humanidade não tem nada a ver com huma(u)nidade. Tantos fátuos voadores para nos criticar... de resto, só o prazer nos une. Mas, criar poesia para quê, com o quê e para quem, de que forma e quando? Onde?

Agora que o corpo está frio e espera sua cama de metal, lamento ter que voltar à realidade, com seus salários mínimos e rescisões, programas de integração social e vigias sobre as mercadorias que precisamos. Até agora, comer bem e descansar, dormir até tarde e dançar me parece o poema mais adequado, pois todas as problematizações e restrições estão do lado de fora de minha cabeça, naquele seu baú acre de confusões.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Para julho e nunca mais!

Ando guardando algumas palavras à poesia que se esvaem como considerações finais. Mas desde agora tudo que falo parece poesia, entretanto, tanto espírito falta! É a diferença além do verso e da linha.
Para variar, quero compartilhar minha leitura atual: Walt Whitman. Especialmente esta frase:

Contradigo-me? Pois bem, contradigo-me. Sou muito amplo: contenho multidões.”

E atrelando a isto o primeiro poema de Folhas de Relva, “Eu canto meu o próprio ser”, teci a certeza de que cantamos coisas efêmeras. Eis os homens. Eis as palavras poucas que dedico a mim mesmo, já que pouco entendo. Teci a certeza... das coisas fátuas!
Ainda pouco sabemos do futuro. Melhor, o futuro mal nos sabe. O que resta é tentarmos sorver do presente esta substância de vida numa insossa descrição. Por isso tantos cantam o amor ou a guerra ou escovas de dente e as calçadas. De resto também nos serve ficarmos calados debaixo das mesas ou das tardes.
Mas longe das coisas que foram feitas para restarem, existem as que concentram verdade. Estas só se revelam contra a luz, mas a de nós mesmos, a natureza quer ser independente.
Mas, e quando os olhos não estão inspirados? Pra ser inspirado existe o hálito, e chega de metáforas!
Chega de tudo isto que tem cheiro de algo pra se jogar fora.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Reinvenção

Monturos de confusão ainda sobressaem das nuvens (Isto não é exato, nem preciso. Inteligível?). Até onde posso beber de Pound ou Maiákovski, o que me espera é que:

1. Sou um homem sem imagens na cabeça;
2. Creio que todas as tentativas estuam em niilismo;
3. Minha alma é propensa a leituras que esparsam a vontade de escrever, mas não a concretizam.

Oh, tudo é tão delicado... Das minhas mãos tão presentes até as burocracias que me fazem sangrar. E o amor, o amor! Para amar alguns corpos (como Baudelaire sugeriu, de certa forma o mundo considera certos amores infectos...) preciso lavar, esconder ou cortar as mãos.

E creiamos que acabaram de ir todos os lirismos da última semana.
Pensemos na cama. Sintamos somente este corpo esparso e carente que inevitavelmente nos pertence, gotejando fluidos, como o que surge de algumas latas de lixo.

Percebemos que concatenação não é um dos meus fortes. Palavras já não se sabem legítimas, quando muito penduradas. Sou um todo inquieto e que caminha para a mudez todas as vezes que grito. Isto é prático e preciso (foi um pedaço daqui posto na tela, e simplesmente poderíamos considerar isto arte).

Quando decidir ou me possibilitar entender a mim ou aos outros, voltarei e anunciarei algo quisto apocalíptico, pois que a beleza idílica ou a poeticidade fácil hoje são um problema.
Não nos percamos: problematização poética ou poeticização do problema?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cara (sense); coroa (nonsense)

Ah, como estou mal posto! Um doce para quem me enfiou neste alfinete!
Pois bem.
Por falta de uma técnica mais técnica, ou de uma retórica mais precisa, ou de uma rima obsedante (procuro o que é obsedante na vida...); ou de uma forma mais essencial... que a carne! Por falta de tudo isso, me peço a dúvida completa que é a coisa mais clara que a solução.
Hoje, de essencial, propenso ou ideal, nem a beleza.
A beleza, que quando bem exposta e recolocada, gravada e ritmada, torna-se uma distração extrasolar de conveniente, quando os olhos se apagam a cada dia.
Tenho dúvidas do que é conveniente na vida.

A vida (agora entendo), é o café da manhã, e é mais vida ainda quando de sono bato a cabeça no aço das janelas dos ônibus. Estamos correndo.

A atual situação de mim é que mastigo a mais ou menos um mês, todos os backspaces possíveis.
Ah, como mal me coloco!

Que situação estranha que os normais não entenderiam. Talvez só a conheçam num outro nível.
Amigo Rimbaud, me escute quando babo os travesseiros (os homens mortos andam me fascinando... Maiakóvski!).

De resto, é isto que ficou dito e não sei como ficou perdido.
De resto é isto, isto palpável, isto, somente isto no sentido deste instante, fique visto!
Isto!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Fim de junho

As confissões que ainda restam comportam-se como pedras, mas não como aquelas bonitas, ao Sol, cobertas de musgo; realmente, parecem mesmo com as que ficam no caminho, e a gente chuta, movimenta, e então começa a admirar-lhe a forma ou a cor ou sei lá o quê.
Estão definitivamente sua matéria absoluta e primeira. As confissões, bem... De que valem sem o contexto. Minhas confissões são sobre o mundo.
Estamos na segunda quinzena de junho, mas já percebo seu fim, não só de mês, mas de tudo.
E sei como sei que o inverno ainda é paradoxo nos trópicos, enfim sei que fujo e não minto em direção ao niilismo. Se bem que não sei se enlouqueço ou não me reconheço; flutuar no silêncio ainda é resposta para todo tipo de amargura ou viagem, de toda temática. Lembro que terminei o segundo livro, e sei-o grande e sincero.
Desconfigurou-se minha realidade, minha técnica. Porém como o mundo passa, perderam-se quase todos os sentidos, menos o de perda e o de busca. O que fiz pra isto ser o que é, alguém pergunta. Somente estendi as mãos e procurei uma dor falsa.
Agora é minha carne que precisa de catarse, pois minhas pernas (pedaços de minha mente) se cansam, tão estranhas são as distâncias. Estas distâncias sem termos não têm senso. Meus dedos não o têm também. Meus olhos se escondem meus queridos: quis viver.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um instante

Ontem minha epifania foi o cansaço. A epifania é se perceber mastigado pela burocracia, pelos governos, pelo desinteresse e o barulho que todos ao meu redor depositam no silêncio que cultivei, até pegar aquele ônibus que no infinito surge e da demora se destaca; ele é uma carcaça e eu, seu miolo.

Meus dias de poeta se acabam, pois o que deve ser ouvido? O que de mim merece ser dito? Eu minto? Retorno ao silêncio, que é absoluto, e certo estou que no escuro sempre entendo a tudo e todos. Por quê?

A coragem em me matar foi afogada por Deus, Ele bem sabe. E sei que dum profundo céu preciso, para esquecer a juventude que pulsa e os amores não tidos e os sonhos não construídos e as memórias puídas... Sei que sou pouco enquanto a vida me desloca sem pedir permissão ao meu senso de direção.

Enfim de um equilíbrio tolo estou vivendo, talvez só precise de uma boca em meu pescoço. Enfim de um equilíbrio tolo estou fazendo o que acho melhor e meu corpo entende: continuar a passar.

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tarde quente, sentido vibrante

Ando me lembrando da frase famosa de Pound: " Literatura é linguagem..." . Fim de semana passado, meu aniversário, encontramos, eu e meus amigos, por acaso, um dos poetas da expressão atual da poesia maranhense, Natinho Costa. Pensei, que incrível oportunidade poder conversar um pouco com um dos artistas de minha terra, que pensava eu, inacessivéis. Conversando, rindo e lembrando, cheguei a uma das máximas da escrita, o sentido. O sentido que há nas paredes e no asfalto, o sentido dos homens e das reticências, suas vírgulas e seus et coetera. Sentido este que evoca tudo que é primitivo, dos instintos, isto incluindo o instinto da palavra, e poesia é isto.

Existe um texto ótimo que Arnaldo Antunes escreveu e saiu na revista Oca das Letras, e ele fala bem disto. Com a poesia, recuperamos o aspecto e a função primeiras perdidas das palavras. E o que constatamos hoje em linguagem mundo afora não passa de um sinal dos tempos. As palavras também são testemunhas e vítimas do uso e do desuso da condição humana.

Viver - literariamente falando - a escrita em suas modalidades de uma forma que registre este acontecimento é muito bom, mais que isso, necessário. Mas as palavras não são somente sons, e tentar compreender e captar melhor o instinto da palavra é fazer valer a discernimento completo da mente e do prazer humano. Estamos assim, nos libertando de amarras sutis, que não nos permitem absorver melhor o sentido múltiplo da poesia, e da vida, porque não. Este instinto da palavra, acredito, é a mesma manifestação que acomete os bons poetas na unidade presente em cada Criação.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Novo tempo

Descrever e experimentar a existência são o sentido que define o fazer poesia. Longe da fama, do editores, dos festivais e concursos, vejo agora, perto dos vinte e um anos, que leiam e releiam o que escrevo, melhor, o que crio, mas só o que me restará é a certeza que sou um poeta. A visibilidade de qualquer maneira já não mais me atrai, e o que me faz continuar é a criação: sentir-me na novidade de cada dia e de cada pessoa, munido de olhos que não se esvairão em qualquer oportunidade; dizer a verdade, a mim mesmo ao menos, e sentir-me menos desamparado neste mundo. Concordo do fundo do peito com o que disse Léon Bloy, "Mesmo que não tivesse um único leitor, continuaria escrevendo, porque a verdade tem de ser dita nem que seja às pedras". Tudo isto se torna cada vez mais verdadeiro. Tornar-me melhor e melhor para mim, porque como em vários aspectos da vida, não posso libertar o criar poesia dos exercícios do ego. Citaria agora Henry Miller, em seu A Hora dos Assassinos, onde encontro reflexões e conceitos que me abriram os olhos e o coração, a alma disse baixinho '-Verdade...'. São tantos fragmentos, que só posso pedir que aqueles que escrevem de verdade e de coração, que leiam, e se ouvirem o âmago sussurrar '- Verdade... ', bem, tenham certeza que algo de superior existe em vossos caminhos.

Neste livro, Miller traça um paralelo entre seu viver e escrever com o viver e escrever de Rimbaud, que concordem ou não, em menor ou em qualquer outro grau, foi o introdutor (afamado, digamos) da linguagem e estética modernista no Ocidente, com sua Uma Temporada no Inferno. Não que me sinta próximo de Rimbaud quanto à sua vida e obra, mas as conclusões e impressões que Miller tira de suas vidas me elevam a uma certeza natural.

Enfim, se a fama que desejo, vier, que seja merecida. Mas principalmente que a sinta e viva, não a force ou a pressinta. Isto é deveras desgastante. Em A Hora dos Assassinos, Miller diz que Rimbaud quando parou de escrever foi buscar a essência perdida no escuro e no silêncio. As linhas de tudo já foram traçadas, estão no futuro e o futuro é Deus, e Deus é a Criação. No escuro e no silêncio digo mais coisas a mim mesmo e ao mundo, que entre todos.

Deixemos estar...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mim quer ver o Sol, mim quer ver o Sol!

Aqui está um comentário que um Anônimo pôs em meu post, intitulado "Utilidade doméstica". Na íntegra:

"Anônimo disse...
Prezado amigo, vc pensa demais, procure apenas observar o nascer do Sol em cada dia e diga a si mesmo " obrigado Senhor, continuo vivo " simplicidade, talvez seja a chave maior para o reconhecimento pessoal...um abraço
"
24 de Abril de 2009 14:27

Ai, este tal do reconhecimento pessoal ainda me mata.... ui, ui!
Mas, here we go!

Sugeriram-me simplicidade, e tenho que dizer-vos algo revelador e chocante; por favor, impeçam os homens de jogarem-se ou as mulheres de ingerir cianureto: MINHA LINGUAGEM NÃO É EXATA! Explico.

Simplicidade é o quê? Meio mediocridade ou um tom pastel? Uma estrutura manipulável? Creio que tomadas as proporções, esta pergunta é a resposta. Você quem concebeu a dúvida, não constrói a solução? A poesia é dominável, mas dificilmente manipulável. Meu poder é sobre a construção. O propósito está na criação, e não na construção. Propósito é intenção, não é? Creio que também já disse, aqui ou em meus sonhos, que lido com miudezas, sutilezas, algos inefáveis. É outro Universo, revisitado e discutido, mas não por mim inventado. Construído... Está além. Do momento em que distorço o caminho natural da concepção de um poema, os dedos se voltam para mim mesmo. Manjam não poderem ultrapassar os penhascos nos videogames? Muito parecido!

Cidadão, você não constrói com alguma intenção? Aí a questão é idiossincrásica: comigo não é assim. Porém é sempre delicioso recordar que nada neste pedaço de torrão chamado Terra, é absoluto. Que venha Aquiles e seu calcanhar!

Poeta nenhum nasceu para despertar poesia em alguém normal. Normal que digo, é aquele indivíduo cotidiano, burocrático, prático demais, enfim, um expert! É isso que o mundo dos homens quer.

Concordo em gênero e número que existem dois tipos de poeta: os que leem e os que criam. O Mundo das Idéias e o Paraíso continuam além, é este o sentido, é este o motivo pelo qual ainda estamos nos traduzindo... E na língua do homem só existe uma concepção simplista e esperada, além do silêncio: o desconhecido.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Tirem-lhe o mofo e as teias!


( Toulouse-Lautrec, o cara!) www.pathguy.com/lectures/toulouse_lautrec.jpg



Estive meio morto por estes dias. Assim, desconstruído, médio. Vocês sabem quando os pratos escorregam das mãos? Pois é quase isto.É isto que te digo em meio aos laços da cidade. Saiba, pois, que estive pensando não mais repetir as palavras, vossos olhos estão cansados. Deixe que eu te leve ao silêncio pelo meu verso inaudito. Você perdeu muitos interesses pelos séculos, ainda te espero. Te cabe mais explicações? Sim, as deixo.


Hoje só existem poetas retóricos, em neon. Só surgem estas placas de ensimesmamento delirante, os poemas parecem pinturas... que não são as de Toulouse-Lautrec! Não me repreendo nem me esqueço. Minha lira é inclusive transição, tentativa, erro, esquecimento.


Tu que me colhes e me aceitas, entendes, que te esclareço (peço por esclarecer-te) que em minhas palavras te carrego e te faço inclusive surgir por entre elas! Me esqueça, se quiseres. Não te esqueça que ainda escrevendo sou pequeno, só subscrevo vossa pequenez.

Tu que lês, não me mortifiques, pois sou somente a tentativa de nos unirmos.

VIII.

Pura a assíntota de silêncio e vida
do sabor estranho, epifania
da humanidade e suas idéias
recalcitrantes.

E meu mundo de famílias é um
tratado em terra inominável
flora inculta e deserta
da beleza incalculada.

Certos sentidos não existirão
em sendas velhas e monásticas
escondidas em mais uma curva
destes sons descartáveis.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Questões, esclarecimentos questórios

Tem alguém aí?

Absolutamente, a modernidade é compreensível. O Modernismo também. Não somente a escola artística, mas, enfim, a postura de que seus tempos nos cobrem. Absolutamente, ser moderno é ser sibilino? Impessoal? Pessoalíssimo? Cubo de concreto? Subjetivo? Cheio de idéias limítrofes, passo a noite, e não posso deixar de registrar (por mais fátuo e rotineiro que possa se tornar) na cabeça, o tempo que se processa nas questões fugidias de juventude e auto-consciência.

Máximas à parte, máximas confundem. São verdades que nos constroem, mas entre isto e definitivamente viver/encontrar seu estilo (ainda que escondido), a originalidade se perde. Por isso me pergunto: Ser moderno é ser original? Ser original é ser moderno? Original e humano? Humano é ser moderno? Humano e humano? Calado e humano? Calado?

Pound (o queridinho do meu momento) disse que em um bom escritor escolhe as palavras pelo seu "significado". Aliás, você se lembra disso? :

" Literatura é linguagem carregada de significado"
Ezra Pound

Eis uma máxima que deixa meu coração profuso. É altamente adequada e simples. Ela nos salva de nós mesmos! Mas seguí-la é uma transformação, algo como um cabresto. Viver sua arte vai constantemente se tornar um caminho tortuoso. Virão as questões de utilidade e existência, de certeza e estética, etc. E os olhos de todos, pra quê nos servem? Nos preenchem? Creio que sugerem, certamente, a própria criação. Isto basta? Bastar?! Para quê?.
As pessoas nos consomem, e teorias à parte, existiu um ego-punhal em cada poema, mas hoje há somente um anti-herói de si mesmo, mais público que autor, naquela dúvida que não acaba!

Entender-se ou sentir-se? A técnica com as palavras, os sons e as sugestões se tornaram profissões? Criação quer ser a resposta, coerência pede uma. Lembram de Pound? Sei que aquela imensidão de oceano que há lá fora, é somente, em essência,

hidrogênio hidrogênio oxigênio.

A natureza só pede por expressão.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pequena coisa incerta textual constante obsedante esquecível

Abri e escolhi escrever sobre "Destino". Dele só sei o agora: um energúmeno-infantil jovem e sua voz aguda, suas palavras arrastadas, por vezes ininteligíveis. À tarde depois do almoço, aliás, faltou água. Aliás, Pound diz coisas que me entortam, logo depois de ter me redimido e escrito dois poemas melhores que os dois últimos excluidos, atenção com a lixeira. E molengo e cru, só volto a busca. Destino é a busca. Quis ele no acaso aparecer debaixo de meu cursor. E não existe já mais nada, vocês vêm que tudo também não acaba, a contradição ambulante também. Encontrada a certeza, só o que tens nas mãos é mutável. Achei que expondo minha lírica ao mundo a liberdade me tomaria, mas, bem, ainda tem uma perna presa na porta da sala. Não sou um ensaísta, nem um intelectual, por enquanto ainda só me resta este tapete, em cima de mim. Pó, pó, pó! E cada verso é uma garrinha que risca o chão e se repete, só há isto a fazer. Quem vai me levantar do chão? Precisa? Estou buscando e isto que resta.
Luto e vomito, estou aqui, a saber.

terça-feira, 31 de março de 2009

Utilidade doméstica

Última aula, noite, morfossintaxe. Entre morfema, gramema, lexema... dilema!
O sentido é aquilo que te leva a uma referência. Uma explicação/motivo muito aplicável ao fazer poético. Noites e viagens de ônibus comigo pensando: tudo que faço tem uma função? Hoje pela manhã esboçou-se uma resposta: mexemos com delicadezas, sutilidades, intuições, instintos. Mesmo que um Messiah apareça, mesmo que explique os versos que surgem pelo mundo afora, não nos atingirá com a clareza ofuscante da lógica. Temos que considerar esta espécie de silêncio, mas prefiro considerar tudo isto uns sons de fluidos corporais. São nítidos e presentes; os sentimos, mas não os vemos, estão aqui, essenciais e às vezes esquecidos.
Já ouvi Paulo Leminski dizer: A poesia foi feita pras coisas sem porquê. Pra que porquê? Sábio e sucinto, pop e clássico, o poeta. E como venho aprendendo, todo conceito é uma ficção. Ele existe para que saibamos lidar com as coisas. Só me resta dizer que sou um privilegiado por lidar com as coisas inefáveis. Quase um neurônio, quase uma unidade, onipotência. Sou livre.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Últimos meses

Escritório, Centro, ônibus amarelos, verdes, vermelhos, azuis. Cadeiras azuis, paredes brancas. Professores que falam, alunos que saem, chefe que berra. O computador em espera.
Às vezes, alguns senhores em alta definição, nus para mim, servidos para mim. Tempo passa. O estômago vazio. O espelho nem em mim está mais. Uma vez um assalto, uma vez noite, uma vez, temporal! Todos esperando, todos em minhas férias. Tudo que já foi dito, um livro escondido, agora... escrito! Um blog construído, admiradores desconhecidos. Brigas fraternais, uma paixão caída, um namoro cinza.
O ritmo adere ao concreto, toma a forma da curva, a vida vira pó de cimento, a vida não quer nada, a vida só está aqui.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Escrito e postado (ponto final!)

Na última aula de Teoria Literária que tive, me disseram que a literatura é despida de um caráter 'utilitarista'; na verdade há para compensar, um 'efeito'. Já estamos com os olhos cansados disso, você usa uma colher como quiser, se quiser usá-la. Mas o busílis é que este 'efeito', como em tudo que é subjetivo e que não olhamos vendendo ou pedindo coisas pela rua, bem, quando passeamos pelo Centro da cidade só testemunhamos o elementar, captado rapidamente e descartado tão quanto rapidamente. Assim, quem sou eu para saber se você se reinventa e reconsidera como humano (ou bicho que seja...) todos os dias antes de dormir ou da ablução. Existe linguagem para todo tipo de juízo, só alguns eleitos têm o talento para o futuro. Mas enquanto você se vê no espelho e ainda espera que seus olhos te digam algo... eles só te gritarão quando eles estiverem esquecidos, somente ocupados para falar a verdade.
O que não nos pertence pode beirar as mãos à noite ou quando só existem vontades absortas pelo vento que leva, assim como traz pensamentos. O que você entendeu por isso? Já não importa. Cheguem o Armagedon e a quista hecatombe: vivi verdade por entre todos.

Até.

terça-feira, 17 de março de 2009

Surgir!

O entusiasmo está escondido em alguma tábua por aí. Por entre os dias me conto de quanto em quanto tempo me pertence a certeza, que se desliga da sua ligação com a verdade, e os risos que me aquecem uma vez e quando não entendem a medida da realidade a que pertence essa matéria com que se lida com certa dificuldade, algo entre a inspiração e a rotina.
Em silêncio, espero, o dia em que o lamento se manterá torto (penso ser hoje), mas não estamos lidando com sobrenaturezas ou deformidades nem formas dantescas, elas me esquecem pelo mesmo caminho estranho e coberto de folhas que me conduz à perfeição intima, a expressão outra que me faz doutros, enorme e linear no sentido fluido que me leva ao que desejo e seguro, o poema.

Voltas e voltas, círculos
profundos, mundos espirais, até
hoje nem me sento ereto por
aquela parede de tijolos mortos, entre o
caminho da hélice que permuta a
cabeça.
Esqueço.

Até.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Sê todo, a começar pela casca...

Aléias pelos campos em meus pés, uma travessa de silêncio. Poucos me conhecem e não sabem quão grande sou pela noite quando não estou cansado, de ser personagem real da espera e contador de dias. Teu poema novo não é mais que tu mesmo,- o truísmo é equivocadamente e profundamente absoluto e enjoativo. Não me deixarei, apesar de perder-me todos os dias, melhor, não lembrar-me pelas horas, pobrezinhas, entupidas de expectativas. E repouso, calado, me querendo, sem nada, nem palavras.


Até.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Considerações pálidas...

Nunca estou sozinho durante o estro. Tudo me chama, me convida a rever meu reflexo, e creio que assim acho todos os outros, amigos, família, bichos, ambiente. Sempre me esqueço do plano primeiro, aquele que me daria mais prazer, contentamento. E todos os dias, de alguma forma lamento, por não conseguir me expressar plenamente sem a segurança em florir o lirismo que gostariam que eu tivesse, tudo ainda é uma busca (não experiência), isso que ainda é poesia. That's fuck my head, you know? Essa vida de novo, enfim, cansa! O maior desafio é desenvolver a maturidade poética sem permitir que o anonimato me influencie, me desgaste. Quem sabe expondo isto de alguma maneira, assim, posso me livrar destas correntes que me ferem, e pior, me emudecem. Pois, senhores, tenho visto e vivido algumas considerações pálidas sobre este ato decisivo, constante, solitário apesar de tudo e por enquanto, penoso, já que o tempo entende este meu corpo e esquece a vida - só mais uma lagarta ressequida:

Da palavra alguma não citada
espectro cristalino me evoca púlpito de
um tempo poeirento, da óbvia vontade suja,
do pensamento míope e gasto, do
dia que insiste em roer-se alvorada e renovo,
cinza e chuva.

Ó, gentes sem verdade!

Até.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Enfim, uma obra!

Depois de alguns anos, creio que 6, posso dizer, mesmo que não publique, que tenho uma obra. Depois de vários livros imaginários, mesmo que não seja um cambotino (imagina!), tenho o mérito de ter me arriscado nos páramos de mim mesmo com um livro, um conjunto de coisas, enfim. Este livro que é livro-pedaços-de-outros-livros, surge como um esforço de 2 anos de um plano certo que ainda não é concreto, mas me doeria imensamente amadurecer mais ainda para poder reunir de alguma forma meus versos tortos, sinceramente, não vejo porque esperar. Daqui para a frente é só viagem, creio que já peguei o bonde.
Mas rapazes, nem tudo é certeza. A crença vem de um medo, creiam. Por mais que estejam reunidos, os versos estão frios. Frios de temor, pois como bons capitalistas que são, desbotam a cada dia sua novidade, meus olhos já não os enxergam com a força que deveriam emanar, mesmo que uma força antiga e secreta. E sei que podem demorar anos para que vocês os vejam como devem, mas olhos novos devem os tirar deste momento cinza.
Somente - como vocês percebem - fumegações duma cabeça jovem e estrelada na poesia incerta de um incerto destino, que arremessa por todas as direções não óbvias, mas todos sabemos que essas setas retornarão a ... Pode não ter sido tão nobre a causa, mas a intenção me absorveu até o último momento.
Posteriormente posso dizer-lhes o nome e o sentido do primeiro não-primeiro feito. Aguardo ser atendido.

Até.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

'Escrevo para escapar da morte..."

I've heard it all before... Well, amigos, uma das poucas verdades que nos limpam os olhos é esta. E me cai como algo maduro - isto também já ouvi em somewhere. Isto é intenso e me responde algumas dúvidas sobre poetar. Por mais que a lira ainda esteja precisando se afinar, o que vai me restar é a verdade que materializei em sons tortos e sentidos cruéis, mas, por favor, não intelegíveis!
Pois é, a lira está fraca, e esperando... vive esperando a noite e o céu, Rimbaud que o diga! Espero não ser o espelho de ninguém, porque maus exemplos existem inclusive em poesia... cada um com sua vida, já é difícil cuidar de uma só. Por todas as chuvas e por todos os beijos, não deixarei a mediocridade pontificar, não! Irmãos, a talvez esperarem algo com sense, me despeso e me dispenso, pois todos creem no perigo da noite. Minha folia será Íon e Hípias Menor no bloco do Platão. Um abraço, mas vocês já perceberam que folie em francês significa loucura?

Até.

Por que ainda escrevo poesia?

Já participei de três edições do Poemará, o festival de poesia da UFMA. Uma vez, em 2006, fui para a final, não ganhei. Nas outras duas vezes consecutivas só participei das eliminatórias. Pretendo me inscrever em alguns concursos literários por aí... Já pensei infinitas vezes em parar de escrever, porque queria muito os louros, mas tento e tento entender que os louros são pura consequencia, mas se você não tentar não vai ter. Enfim, desde meus primeiros poemas (tão patéticos que fizeram o favor de virarem pó!), sempre senti aquela vertigem que acompanha todo artista, em não saber para quem dirigir sua arte; aos poucos descobri que os outros é que dirigem sua atenção para a arte, procuram sentir num ponto de vista individual o seu ponto de vista, o seu anseio, sua personalidade, a unidade. Como dizia, incontáveis são as vezes em que parei de escrever, mas sempre volto. Entendo o porquê disto em prestações, que logo se perdem o carnê, é só uma manifestação de que estou descobrindo minha própria verdade; ainda escrevo e tento não desistir porque, assim, saio do senso comum e exercito toda minha relação com o mundo de um modo só meu, manifesto minha individualidade. E em que isto é importante para você? Ser sincero consigo mesmo é sempre bom, principalmente quando posso brincar como um inocente, uma criança, um liberto, com toda a profundidade de um amargurado, um depressivo e um chato. Vai aí um de meus poemas, que apesar de não ser muito atual, expressou uma vontade natural de conhecer-se e trazer o mundo a si, pelo silêncio-barreira:

Vivo



Meus dois últimos gestos ficaram no passado eterno, 
me esperando.

Roubaram a beleza do amor algum.
Busco-me terceira pessoa. Fujo pro indefectível erro
mal me conhecendo coisa inocente, 

nomeando cala e grito em 
meu desinteresse ou niilismo.

Se tudo fosse teu púbis campo de cártamos,
infância da língua... 

Se os olhos não fossem tão excedentes, 
tão discursantes em idiotismo...


Quem fala, quem me toca aqui, 
violino-folha escura ao vento,
não me encontra.
Só floresce uma voz.


(Sebastião Ribeiro)

Até.

Para começar...

Ainda sou um ilustre desconhecido. Mas penso, e às vezes tudo precisa ser dito. Escrevo desde os 14, hoje, 20. E uma busca pela verdade ou o refinamento desta... enfim coisas que excitam estes doidos alcunhados poetas, que parecem não saber o que é o pragmatismo. Mas é por causa dele que a poesia surge, e floresce tão instintiva, que parece um hábito, um sestro. E é delicioso esse descobrir em estar vivo e expressando esse viver com a linguagem mais natural que é a liberdade, a viagem. E todos são e estão poesia, toda sensibilidade é sensibilidade, nunca podemos esquecer. Bem, este por enquanto é o primeiro post. Não sou daring, cool ou outsider. Só estou não deixando o mundo me calar sobre eu mesmo, eu-mundo.

Até.
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