Falei e ainda falo deveras numa tal de verdade, que apesar de não ter rosto, todos querem conhecer. E é verdade absoluta, deflorada, oculta. Mas encaremos a verdade: antes que mentira, isto é um equívoco cultural entre os bons. Esclareço então a mim mesmo pelo menos, as trapaças que a linguagem pré-cozida encerra nos vários contextos da vida, e creio empiricamente no engaiolamento das palavras em grupos prontos, tipo isto pede aquilo, e assim vai. Concluindo: propondo verdades, calço inverdades, e assim caminha em clichês a humanidade (sentem o drama?) ...
Enfim, verdade é realidade, verdade se beija, verdade se come com farinha? Por qual Judas a persigo, ou a ferindo, afasto-a? Verdade pagará minhas contas, levará minha carcaça incerta a todos os limbos (A interrogação não é algo que afaga, a saber)? Antes que'u conceitue ou até mesmo que me banhe e esqueça deste papo, é bom definir o que penso agora agorinha; que enveredo por trilhas sujas na procura dum pharmakon. É hora de abrir os olhos e os dedos. Na verdade, tenho uma alma meio velha para esse tipo de desatenção. Pero, trata-se dum pharmakon, lembram? Então colhamos a realidade, ou seja, parte de verdade!
O que mais meus caros? Cuidado. Não só com a questão entreaberta aqui, mas com tantos outros conceitos que tornam mornos nossos ímpetos. Citemos: verdade, juízo, amor, nojo, o et coetera. Todo o nosso instinto social e coercitivo admite aspectos da sociedade, vida amorosa ou do quilo do feijão, como nossa boca concebe inteira nossa língua.
Assim como quem não quis nada, medi informemente esta dúvida rastejante vinda de meus discursos, e como discurso é discurso, sintam-se extremamente corroídos por elas, eu permito. Tomemos um fato: esgarcem ampliando, como um chiclete, qualquer proposição aqui posta. Então, de reflexão em reflexão, de consideração e consideração, vocês provavelmente chegarão a um conceito ou pedregulho (velhas conversas sobre sujeito e objeto...). Segurem-o com as mãos possíveis, e, o que têm? Eu digo que é verdade.
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