É essencial fotografar objetos familiares de pontos de vista inesperados.
Ródtchenko
por enquanto sem rumo vou
ficando: um cupim sem asa ou
içá fenecida (menos uma cópula)
tudo pede que'u pense
exige parte que podes
não ter quiçá não ser
por isso o cancro do caule
ou a pétala que cai sem
causar dor, por isso
os olhos novos anseiam luz
na morte de tudo: durmo e
acordo em sonho esfarelado
nos ônibus o que preciso é comum
a tudo, a necessidade me faz irmão.
compartilho a flor que não gritou
o dia passando não enxerga
a mão inteira que busca um pouso.
esperando gosto, a boca oferecida
por isso a lâmpada queimada, por isso
o pé cego fragmenta um cogumelo:
assim caio em mim cogumelo pisado
recolho embotado as provas de quando
me tocaram, já toquei e pretendi
amar. os fins é que me fazem assim
Esse é apenas um comentário breve que não atinge a profundidade do poema, mas enfim acho que vale por pouco q seja. Sebá... vou leixar, como diziam os antigos trovadores alguns comentários breves aqui, pero que sinceros. Gostei do trabalho que vens desenvolvendo, de uns tempos pra cá, relativo à melopéia (alguns exs: por enquanto sem rumo vou /ficando: um cupim sem asa ou (...); ) sem contar no enjambement contido nestes versos. Interessante, também, o experimentalismo envolvendo o eixo som/significado das palavras içá, quiçá (esta aliás tem uma história e tanto, perdoe-me se parecer pedante, por citar essa informação : conforme o dicionário online priberam quiçá = "(espanhol quizá, do latim qui sapit, quem sabe)
ResponderExcluiradv.talvez." )
Os últimos poemas seus que li apresentam uma mudança, eles possuem valor imagético e semântico sem se desdobrarem em "ininteligibilidade"... Acho que isso advem mesmo daquele seu "embate" com a metáfora (vazia ou aparentemente vazia, ou centrada nela mesma). Gostei do seu poema e do seu novo fazer poético, digamos assim.Mas acredito que no referido comentário há, de fato, proveito (por menor ou maior que seja) ah e naum leva mal essa linguagem talvez extravagante que usei