sábado, 7 de dezembro de 2019

doppelgänger





Estaria satisfeito
bilocado
assistido pelo inverso
interior desdobrado?

Onde está o som
de seus passos?

Corre serpente
carcomendo-me abraços
liquefeito absorto
me revivendo o salto

porém me agulha
me formiga
colhe o perfeito tempo
velho bom um
bom malévolo

Em seus bolsos
as pedras que sonho
quem sabe se aluga
na alheia coragem

desvia o olhar
arranca-lhes a capa

Seria ele
feitor das faltas
moço que sangra
se arrasta
seria ele a barca

Quem sabe
há uma lenda:
deito em seus olhos
finjo não estar aqui

RIBEIRO, Sebastião. Glitch. São Paulo: Scortecci, 2017

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