quarta-feira, 1 de julho de 2020

shaking hands / apertar as mãos [Pádraig Ó Tuama]


Imagem de terimakasih0 editada por mim em PHOTOMOSH


     27 de junho, 2012

Porque qual a alternativa?
Por causa da coragem.
Por causa dos amados perdidos.
Porque não mais.
Porque é uma coisinha de nada; apertar as mãos; acontece todo dia.
Porque soube de um homem cujas mãos não cessaram de tremer desde um dia de feira em Omagh.
Porque leva um segundo pra se dizer ódio, mas se leva mais, bem mais, para ser um grande líder.
Muito, muito mais.

Porque um espaço compartilhado sem toque humano não é muita coisa.
Porque é mais fácil falar consigo que segurar a mão de alguém cujo lado já foi previamente descrito, condenado, negado.
Porque é difícil.
Porque é difícil.
Porque se pretende difícil e essa é a coisa da memória, da esperança, do gesto, do significar e conduzir.
Porque tem-se levado tanto, tanto tempo.
Porque tem-se levado terra e grana e línguas e barris e barris de sangue.

Porque vidas se perderam.
Porque vidas foram tomadas.

Porque ser despojado é ser afligido por luto.
Porque mais que dois povos apreensivos vivem aqui.
Porque conheço uma mulher cuja mão não é apertada desde que era um homem.
Porque apertar uma mão é só uma parte do começo.
Porque conheço uma mulher cujo toque acalmou um homem de coração partido.
Porque privilégio não deve ser entendido tranquilamente.

Porque isso só pode ser bom.
Porque quem disse que seria fácil?
Porque algumas pessoas amam o que você defende, e para alguns, se você pode, eles podem.
Porque solidariedade são mãos em comum.
Porque uma mão é apenas uma mão; então segure-a.

Então una-se às suas tão discutidas mãos.
Precisamos disso; por um segundinho.
Então toque.
Então conduza.

* * *

       27ú lá Meitheamh, 2012

Because what’s the alternative?
Because of courage.
Because of loved ones lost.
Because no more.
Because it’s a small thing; shaking hands; it happens every day.
Because I heard of one man whose hands haven’t stopped shaking since a market day in Omagh.
Because it takes a second to say hate, but it takes longer, much longer, to be a great leader.
Much, much longer.

Because shared space without human touching doesn’t amount to much.
Because it’s easier to speak to your own than to hold the hand of someone whose side has been previously described, proscribed, denied.
Because it is tough.
Because it is tough.
Because it is meant to be tough, and this is the stuff of memory, the stuff of hope, the stuff of gesture, and meaning and leading.
Because it has taken so, so long.
Because it has taken land and money and languages and barrels and barrels of blood.

Because lives have been lost.
Because lives have been taken.

Because to be bereaved is to be troubled by grief.
Because more than two troubled peoples live here.
Because I know a woman whose hand hasn’t been shaken since she was a man.
Because shaking a hand is only a part of the start.
Because I know a woman whose touch calmed a man whose heart was breaking.
Because privilege is not to be taken lightly.

Because this just might be good.
Because who said that this would be easy?
Because some people love what you stand for, and for some, if you can, they can.
Because solidarity means a common hand.
Because a hand is only a hand; so hang onto it.

So join your much discussed hands.
We need this; for one small second.
So touch.
So lead.


* * *

Shaking Hands’, publicado originalmente em Sorry For Your Troubles (Canterbury Press, 2013). Copyright © 2013 by Pádraig Ó Tuama. Reproduzido e traduzido com a permissão do autor. www.padraigotuama.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Licença Creative Commons
gaveta, galáxia by Sebastião Ribeiro is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported License.