por vinte e sete anos carrego esse globo de vidro ou quartzo que me nega o devir. ainda que abismal e estrelado, dentro de mim o globo gira. diria que é na verdade um planeta que deixa seus continentes caírem assim que vira sua face a um sol. diria que, ainda que negro, habitado por serpentes, irrigado por veias de fúria, vida surgiu. ainda que nele ninguém exista a gritar seus deuses, o tempo passa.
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from 2001: A Space Odyssey |
vezenquando o globo guarda em espera a chama eterna que o fará microscópico. mas enquanto arde a chama, um galho adoecido se importa em surgir e inventa uma flor que nada sabe de latrocínios. ou imposto de renda. uma brisa em pensamento se esquece e qualquer coisa vibra sem aparecer, como sinais de rádio. já poderia ser dia nesse lugar confuso que ignora e recebe entendimentos de podres coitados -- perdidos, numa rocha molhada e grávida de anseios.
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