segunda-feira, 14 de novembro de 2022

(im)preciso

 


É possível que a fruta no mercado

expresse mais que meus silogismos contados;

que a pedra satisfeita em sua ideia de simetria

entenda mais das poucas perfeições

e dos espelhos que as geram,

que eu,

certo de não existirem linhas tortas

para toda minha razão.


Os gnus, as raposas e os gafanhotos

confortam o correto peso de uma expectativa

que não me pertence mais,

uma vez que entendo de palavras

se achando moscas,

entendo de cores explodindo,

de anulações, de álcool,

mas, a respeito do que se deseja

(ou se precisa em forma de água doce

ou tubérculo – mais do que deseja

o gnu, a raposa, o gafanhoto)

me entendo feito o pasto

para um capim insistente.


in RIBEIRO, Sebastião. &. São Paulo: Scortecci, 2015


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