domingo, 26 de fevereiro de 2012

coisas

"20 dedos esquerdos sobre ti e o pensamento ..."

Minhas mãos temem. 

O âmago, convulsionado, espera por estrelas, por areia, por qualquer falso brilhante que te eleve para fora do rumo de minha lógica. 

Separe, pese, corrija... mastigue até os ossos este corpo que não te espera e foge, mas que impregna mistérios de linhas na mão.

De meus dentes adormecem flores, embora não possa pronunciar um desabrochar sequer. Me forças a armar minha existência de silêncio em grama. 

Há violação na busca por ser violado.

Again and again.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

estado

Não saberei explicar claramente, mas não posso abrir mão disto que me afasta de definições; seria como questionar o porquê de meus dedos.

Ainda assim, preciso vê-lo no espelho, saber onde se deve tocar. Desta maneira, com os lábios grudados, macerei algumas flores, que apesar de cheias de filosofias, não foram capazes de me oferecer às versões resumidas.

O mato invisível tornou-se cheiro, coisa que raramente descobre meu desejo. Desejo que deposita longamente mãos e boca em lugares de expectativa erma. Desejo raso no fim dos algares espalhados por minha existência. Algares que me pedem este algo desconexo que flores não entendem. Preenchesse-os de drogas, gordura, copos de água, agulhas, os outros me entenderiam melhor. Ou entenderiam o porquê em me entender, e assim, todo e qualquer pulso neste universo.

Uma voz canta velhas histórias sobre isto que se põe ao meio de abrir e fechar os olhos with usura the line grows thick. 150 takes por segundo deste A a B, desta reta, desta linha. Traçada qualquer sugestão que carregue uma lamparina até aqui, o curso de meu discurso escorre, não como algo que derrete, mas como que foge. O meu verso carrega mais que mim, por isso pediu um táxi enquanto tento esculpir meus vácuos.

Nesta tarde pensei em Rimbaud, e me imaginei como ele, carregando um Moleskine. Mas estou preso em tantos silêncios, que me perguntariam o que fazer com páginas-vazios. Contudo, me ver em suas botas me acalma...

Arthur, querido, não abra os olhos; não quererias sonhar com afasias.

Ele sonhou. E como os que buscam a ignorância de somente saber ver, provar, ouvir, cheirar e tocar, precisou tocar no luto, na agulha pesada que costurou-lhe os lábios e o coração pesadamente néscio. Que conclusões Mme et Mlle Rimbaud adquiriram destes processos? Só poderiam soprar uma verdade que lembrasse que seu menino escorreu, não como algo que derrete, mas como que foge.

Enumere todos os meus sonhos e traga a conta. Isto, QUALQUER UM, gostaria de poder proferir. Como já prevejo (ou sonho com) isto em tempos de menos contrariedades, permaneço inteiro dúvida de mim mesmo, com parcas palavras-setas, pálidas intenções a quem precisa de ferro, barro, Panis et circensis; livros sem valor na boca do caixa, gesto não-coeso pênsil esperando aprovação, existência de aluguel. Alegoria de café da manhã embaixo dos travesseiros, argumento interrompido.

‘Bom dia’ não respondido.
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