sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Por que ainda escrevo poesia?

Já participei de três edições do Poemará, o festival de poesia da UFMA. Uma vez, em 2006, fui para a final, não ganhei. Nas outras duas vezes consecutivas só participei das eliminatórias. Pretendo me inscrever em alguns concursos literários por aí... Já pensei infinitas vezes em parar de escrever, porque queria muito os louros, mas tento e tento entender que os louros são pura consequencia, mas se você não tentar não vai ter. Enfim, desde meus primeiros poemas (tão patéticos que fizeram o favor de virarem pó!), sempre senti aquela vertigem que acompanha todo artista, em não saber para quem dirigir sua arte; aos poucos descobri que os outros é que dirigem sua atenção para a arte, procuram sentir num ponto de vista individual o seu ponto de vista, o seu anseio, sua personalidade, a unidade. Como dizia, incontáveis são as vezes em que parei de escrever, mas sempre volto. Entendo o porquê disto em prestações, que logo se perdem o carnê, é só uma manifestação de que estou descobrindo minha própria verdade; ainda escrevo e tento não desistir porque, assim, saio do senso comum e exercito toda minha relação com o mundo de um modo só meu, manifesto minha individualidade. E em que isto é importante para você? Ser sincero consigo mesmo é sempre bom, principalmente quando posso brincar como um inocente, uma criança, um liberto, com toda a profundidade de um amargurado, um depressivo e um chato. Vai aí um de meus poemas, que apesar de não ser muito atual, expressou uma vontade natural de conhecer-se e trazer o mundo a si, pelo silêncio-barreira:

Vivo



Meus dois últimos gestos ficaram no passado eterno, 
me esperando.

Roubaram a beleza do amor algum.
Busco-me terceira pessoa. Fujo pro indefectível erro
mal me conhecendo coisa inocente, 

nomeando cala e grito em 
meu desinteresse ou niilismo.

Se tudo fosse teu púbis campo de cártamos,
infância da língua... 

Se os olhos não fossem tão excedentes, 
tão discursantes em idiotismo...


Quem fala, quem me toca aqui, 
violino-folha escura ao vento,
não me encontra.
Só floresce uma voz.


(Sebastião Ribeiro)

Até.

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