quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

dexembro


Não estar em si, mais que a perda de controle, confirma a antiga história de que é possível alguém enxergar e não ver; é possível que o controle seja todo perda e a perda, um convite, a tomar algum controle.

Eu, todo desejo e apreensão, me lancei de encontro às pedras e, nesse instante, sei cada osso meu triturado pela força de minúsculos épicos, clichês injetados em nosso dna, dos quais não poderia prever o poder e alcance.

Diz a canção: 'looking for Heaven, found the devil in me' ... e assim me certifiquei que somos todos fados antigos, dispostos grãos de areia... Querer é veneno, licor e gasolina. Vórtices continuarão a chegar. O que farei?

Inspiro e seguro minha própria mão, cantarolando paraíso e inferno num só gesto. Defenestrado e sem esperancismos. Mas querendo. 

E levando...


quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

glitch (exhibit E)




Amargo

Sob a noite o lençol dela
e espero boas novas

só desejo tua face sem lábios
quando acordar

saltito pronto em tua mesa
servido ainda que não queiras

em meus pés o gelo
que desprende de tua nuca

porque o sempre é um lugar verídico
onde se pode vender qualquer coisa


(RIBEIRO, Sebastião. Glitch. São Paulo: Scortecci, 2017)


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