domingo, 9 de novembro de 2014

attempt1



Poesia é uma espécie de língua secreta que serve mais à revelação do que ao obscurecimento (apesar do que se possa imaginar/ depreender do registro sofisticado e aparentemente impenetrável de alguns textos). Secreta, porque exige uma dose subjetiva na atitude de quem a recebe para apreciá-la – o reconhecimento do leitor nas palavras do poeta adquire um caráter de intimidade; porém reveladora, uma vez que se busca equipar de possibilidades interventoras no discurso cotidiano/ prosaico a fim de extrair aquela parcela abstrata, lúdica e, muitas vezes, inconfessável, que guardamos no uso social e perfunctório da linguagem.


domingo, 2 de novembro de 2014

fugidiço


Não me soa novidade: faltas são falhas. Ou expectativas tortas ou rachaduras nas paredes. Me pergunto o que se foi, ou, o que nunca esteve aqui. Ainda que viva o suficiente para esboçar ou deduzir uma resposta, seguirei feito desses atalhos que não me conhecem lugar algum, nem os drinques, nem as compras, nem os amantes.

Nem os amigos, que me esfregando as falhas na cara, na verdade me cutucam as faltas. Na conclusão de tudo só terei a mim mesmo sem espelhos, anyway.



Difícil de evitar a sensação de cavar por debaixo de tua casa. Desde menino, as formigas me enviam sinais inúteis. O gato brinca de me vigiar. Mamãe viaja. Tesão inevitável de 2 em 2 dias. Aquela cantora estreante nascida em '88 me trará algo obsedante? Meu livro sai próximo ano. Ando por andar. Perdoe-me, Senhor.

Faltas são falhas. Talvez eu deva fazer como quando menino: procurar buracos no muro do quintal, ainda esperançoso dos diáfanos, buscando no terreno do vizinho plantas, roupa estendida ou entulho [lá certa vez, encontrei um exemplar de Papillon]; vezenquando alguém tomando banho... Ou qualquer outra coisa que me vibre o apetite.

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