quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

bula ii



faria um bem ~inexplicável~ ao Ego ter atrelado ao seu 1° livro um louro destes do mundo literário. merchandising quase que sem esforço. entretanto, é fato o fato de nem sempre todo o seu taco te garantir uma prêmio desses. a questão de gosto é relativa, já diria o c*. logo, como embalar uma obra poética, sem os louros garantidos, quando nem é unanimidade entre a massa leitora?

acontece que a Arte chama. e demonstra, compara, evoca, ajuda e completa o ser humano. não entrarei em detalhes sobre a Educação pela Arte (e então, pela Poesia), sua função, etc. só queria me lembrar que o que faço ainda é importante sob tanta burocracia no mundo. estou assumindo (mesmo com o espírito soberbo e luxurioso) alguns dos caminhos mais difíceis da vida, neste país, pelo menos: a identidade afetiva, a função laboral e as somas, diferenças, produtos & quocientes: a tal da poesia.

há 6 meses terminei meu 1° livro, que por sua vez demorou quase dois anos para ser composto. já cansei de revisá-lo (logo é provável que algo esteja errado rsrsrs), de pensá-lo, de envolvê-lo em mistério. quer dizer, quase esta última coisa. já assumo suas possíveis falhas, excessos & perspectivas quando de seu compartilhamento no mundo. e não ligo muito para o que pensam/pensarão/pensariam aqueles que só lhe veem os defeitos. graças a Deus, ele tem rachaduras. afinal, o que mais busquei nos 99% de lixo que produzi até chegar a ele foi deixá-lo HUMANO!

então, vazios me adormecem, me cansam, me assombram. a famosa abstinência. já contaram a vocês que uma das melhores coisas de fazer Arte (boa ou ruim) é o processo de criar? melhor ainda, criar refletindo, montando, desmontando, experimentando, selecionando... com textos isto é especialmente interessante. pois é, esta hora vem chegando e se configurando. o 2° rebento quer ser gerado. e senti necessidade de compartilhar isto com alguém. 

[pretendia discorrer sobre tempo, modernidade e juventude como meio de justificativa desta situação, mas acredito que basta por agora dizer aos velhos cultores da poesia e a aqueles que a querem num relicário encrustado de brilhos que, tenho minhas responsabilidades e, por mais que a poesia seja muitas vezes algo mágico, não desejo esperá-la cair do céu ou brotar somente quando o Halley deslizar na distância. a poesia, se bem acolhida por um artista responsável (tipo, eu rsrsrs), não vejo problema em produzir um segundo livro menos de dois anos depois do primeiro, que está pronto, mas nem foi ainda lançado!]

óbvio, cada poeta tem seu tempo, e respeito isso. falo para aqueles que, inacreditavelmente, se incomodam com situações como a minha. de antemão, digo-vos que não almejo produzir 'poesia em massa' (Deus é mais). eu, meio que como Pound pensava, desejo manter a palavra viva e meu tempo e(m) minha existência vivos na palavra. 

não desejo fingir que a poesia ainda é intocável e inacessível. ela é exigida como uma resposta a um insulto, a uma instrução de uma tarefa muito difícil, a uma mensagem definidora, a algo que, se não dito, te fará perder quem ama. 

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

fissipene (ou, não se solicita leitura deste texto)






este balão atmosférico ou bateria de carro e motor ou carvão queimando sem fim que Deus me deu encontrou a palavra

compartilhado

para um amor que não foi para mim desenhado nalgum espaço da longitude feita para tudo, menos ao encontrar-se humano.

meu gênio desnutrido, ainda que por Deus dado
encontrou a palavra

dividido

para o amor supracitado

ainda - digo mais - que semi-amargurado ao desespero propício porém assaz em fugir de amores alheios  suculentos desejados 

encontro a palavra

separado

encontro-me Hoje e a palavra

partido

encontro a palavra

quebrado

e também

rasgado

seguido de

ferido

aberto

decepado

abismado

penhasco

(então que um ritmo poético não vale a luta ou a lágrima, as mãos laminadas e sozinhas ou a idade vindo)

algar

queda

           despetalado


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