segunda-feira, 26 de novembro de 2012

dovetail


Só o que me explicaria agora seria o som de taças quebrando. 

Então, ele recolheria do chão um dos minúsculos pedaços de cristal, e o deslizaria em minha nuca [quero acreditar que é sua boca].

Em tal instante, como se tocasse meus próprios pés ou me sentisse jogado ao sono, não conseguiria negar que preciso encontrar maneira de acoplar nossos poros, visto que lhe quero até os invisíveis pelos louros escorrendo por seus braços. 

Desejo ser leve e simples o bastante para me conformar num casulo.

***

'Jesus, a vida toda esperei por isto? Qual carruagem me leva, que cavalo lhe é ideal?', respondo ao medo de abrir os olhos e assumir de que sonhos são feitos.

***

Passei [e se me conheço, passarei] tantas noites e dias paralisando o olhar naquela reflexão que busca a racionalidade dos gestos, tentando autocontrolar qualquer coisa, me defender de todo aquele arame farpado que creio estar em mim, 

mas

a sensação de vazante dentro do peito é imensa. Faz-me contar as horas, fugir de qualquer coisa construída, porque agora considero consumi(a)r algo, e levanto o pensamento aos céus pedindo ser dobrado como papel de carta antigo, ser guardado rosa num livro grosso, ser eu mesmo caminhando em eternas 16hs.

Eu quero o fogo.


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