domingo, 10 de junho de 2012

coming soon



Em favor de minha descoordenação natural e fuga da realidade acadêmica, este post é uma invenção dum domingo que precede uma daquelas semanas que te chamam a não esquecer os meandros necessários àquela, um dia possível, Liberdade. Ou seja, embora existam pragmatismos a absorver, estou aqui, de pernas moles, descrevendo possíveis leituras a um compaixonado, para poder trazer a esta para-realidade, realidades, que aguardam numa gaveta (pode chamar também de sistema de arquivos) o dia de se fazerem notícia pública: O PRIMEIRO LIVRO (DE VERDADE) DE SEBASTIÃO RIBEIRO.

Já comentei algo aqui sobre a história que vai desembocar em, no máximo 1 ano, em meu primeiro livro 4real. A diferença é que, apesar de vestido numa camisa que todos aprovam, estes poemas usam moicanos. O livro que virá é diferente, único, e por isso me convenceu a ser o primeiro, porque é uma obra como projeto. Atenção e ampliação de seus sentidos por parte do leitor são irremediavelmente necessárias, pois assumo há algum tempo a postura de quem não indica a poesia-água-com-açúcar para diabéticos. Tipo, "- Ei, o mundo é hoje e isto aqui, eu sou poeta, você não parece ser um, mas talvez seja. Por que não se permitir?" or something like that. 

Em favor de minha descoordenação natural e assumir minha sub e íntima celebridade sob lençóis encardidos, gostaria de dizer que esta obra existente, apesar de, como a maior parte da obras neste sistema, está aberta à interpretações, há um algo a ser dito sobre: é fruto de pessoalidade, sim; mas carrega uma conexão com o mundo tal, que nega o cliché antecipado da palavra bonita do poeta-princesa (aquele que fica na torre mais alta do castelo protegida pelo dragão, esperando o Prince Charmant...). É como se levasse trabalho pra casa, ou estresse para a cama, mas, diluindo-se isto em palavras, num gênero aperitivo depois do jantar (vide Carlos Felipe Moisés - Poesia e Utopia), provável que isto não impedirá o leitor de apreciar com olhos menos saturados a realidade, das muriçocas que adoram seu corpo na hora do sono aos encostos de bancos de ônibus que adoram torcicolos.

Acrescento (este parágrafo é inspirado na possibilidade de ser impossível entrevistarem o rapazinho aqui a sério - MEU a sério) que nos primeiros poemas existe um intencional uso de surrealismos. Cri importante e necessário explorar isto em meus poemas, sem medo de parecer incrivelmente não-lido ou incompreendido - leia-se: hermético - em benefício da força de expressão e assunção da toca em que todo ser humano se encontra quando decide se esconder (não fugir, ok?) do que os olhos assumem a seco (rotinas, durezas, necessidades et coeteras). Entretanto, nos últimos poemas, óbvio se encontrarão traços de ilogismo (isso é poesia, né?), só que conjugados com uma contenção da impressão da realidade tal, que me percebo como fundamentalmente lógico no fazer poesia, isto se tomarmos conscientemente as devidas proporções.

Encerrando: este livro a sair é, essencialmente, um painel onde as diferenças de pensamento e percepção do mundo (e suas pequenas coisas que a priori não parecem parte dele) se fazem marcantes. É um livro sobre sensibilidade artística ricocheteando em janelas de vidro e olhos de concreto. É, também, sobre fardos que todos carregam, porém está claro que, quem resmunga seu peso aqui é isto que convencionamos alcunhar poeta. Mas, não esqueçamos, é um livro para todos, além da leitura ser algo suposto a ser democrático. É um livro que fala para quem pode escutá-lo. 

Vai encarar?

COMING SOON: cenas do próximo episódio...


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