sexta-feira, 4 de maio de 2012

apenas mais uma sobre a perda da inocência...


Este é mais um poema de Acorde que gostaria de compartilhar com vocês. Certo que estou meio numa nova fase, mas este primeiro passo é importantíssimo, tanto que foi dado. Creio que este é um dos textos mais acessíveis aos de sensibilidade. Curta mais de Sebastião Ribeiro em Acorde aquiaquiaqui, e, claro, AQUI:



choro por inteiro
porque um dia fui cercado
em braços brancos


por não saber falar
a consciência não existia
especificamente para mim
seu dono seu caminho


hoje sem desculpas
em busca de um motivo
choro sim que quando precisei
articular um balbucio ainda não
conhecia ermos antárticos nem
enfrentava contradições inteligíveis


choro entretanto pela fenda
tão disposta à fundura entre
um gesto e outro
– o que conduz alguma afasia
porque ainda as repetições não
somente são flores em árvores em
avenidas em pedras em homens


choro certo que nem
toda opção se prende ao corpo
(já tão cheio de assovios)



certo que hoje o corpo
não pareceu escolher a coerência
que tornasse a noite eterna
mas é que quando acabarmos
não reconhecerei o passado
em que me calo visto que
não precisava de palavras





ef


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