segunda-feira, 26 de março de 2012

fato


Sou do tipo de gente que confere toda sua vida aos 24 anos e não está esperando quase nada. O poema último poema, o beijo último beijo, a festa última festa, contemplação última contemplação; mas, quando se vive assim sem de fato saber que se vive assim, na verdade, nem se importando em riscar todos estes fósforos fora do pensamento, como se fossem a extensão da realidade física, pouco importa mesmo. Viver é um conhecimento, estar vivo não basta.

Cansa viver do artifício. Ser duro, pungente, patético, bêbado, tudo vale para não esconder você. Deixar bem claro com o que lidam. Como o Sebastião na roda de amigos ou como o Sebastião cuja voz te chega simples e somente por um texto ou uma foto. A arquitetura da expressão facial e corporal guarda bem mais que colunas coríntias, mas temo em constatar ainda poesia-hera-no-muro. Quem me diz pra que serve aquela hera nos muros de tantas casas, especialmente as casas da classe B e C? Existe poema que serve mais. Mas para minha suposição acerca da função da poesia, neste caso, também ajudaria a perpetuar atos parnasianos de alguns pares.

Este é o único motivo que me faria sacudir, falando de poesia. Já dizia Criolo:

“Buquês são flores mortas num lindo arranjo...”

Na atual situação da consciência e inteligência mundial (imagine a capitania hereditária do Maranhão...), todo verso já nasce agonizante. Quem enxergar além das vanguardas, me mande um e-mail, por favor. Com dedos sempre roídos, continuo escrevendo (diria, rabiscando) minha passagem ciente por esta dimensão. Ir além dela machuca o horizonte com o esforço de tantas vistas se apertando, só que não para forçar o choro. Talvez. Contudo, neste planeta, a primeva voz não usa palavras. A natureza espera? Não saberia responder com exatidão no alto de meus 24 anos.

Abraços aos leitores e floristas, e, por obséquio, me desculpem os clichês.

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