segunda-feira, 5 de julho de 2010

reta

dum ponto a outro só digo
que nada escorre um conceito

da distância entre meu olho
e tua boca tudo luziu
menos uma reta
considero agora o que
foi estatura e força:
pode-se inventar um combate
onde já existem feridos?
esta mente dita minha nada
(carregada de palavras)
pousa além disto
eis que te ensino:
nada podes fazer contra
a sutura dos sistemas
nada rebate a horda que
senta à mesa de jantar
sinto que preciso de um livro
uma coxa de frango
meia alface
verdade somente a mesa
se encontra posta

nada hiberna no nexo
(serei eu louco
nexo sem calçadas?)
desde já muros sobrepõem-se
para tudo inclusive homens
nada te atingirás fora de mim
(com certo orgulho me enojo do
espelho – nele nada se vocaliza)
enquanto que tu aí estás
sentado salmodiando um corpo
ou outro aqui eu me entrego
à boda ou ligeiramente mesmo
às núpcias de quem não tem corpo
já nos inventam tantas batalhas
que enfim chega a hora:
afastas a razão não restará
ledor sobre sentido
ouvido over lido

Um comentário:

  1. Essa sua inquietação é coisa de quem está vivo e não consegue afastar razão e sentido.
    Gosto disso.

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