sábado, 24 de julho de 2010

ontem

perfeitamente acurado
por isso me agrado de pisar em ovos
de vez em quando

com isso me espanto
nada de menos
só teu corpo invertido me pisando

estritamente perfeccionado
estando livremente aberto em regalos
espero nao te desesperes
às vezes a cor dos tijolos dissoa
feito teu rosto

agora arregalado pronto a me oferecer
tudo a isto dito eu cheio de escolhas
finalmente justificado
venho sabendo que nada me seduz mais
que uma sutil inconsequencia

segunda-feira, 5 de julho de 2010

reta

dum ponto a outro só digo
que nada escorre um conceito

da distância entre meu olho
e tua boca tudo luziu
menos uma reta
considero agora o que
foi estatura e força:
pode-se inventar um combate
onde já existem feridos?
esta mente dita minha nada
(carregada de palavras)
pousa além disto
eis que te ensino:
nada podes fazer contra
a sutura dos sistemas
nada rebate a horda que
senta à mesa de jantar
sinto que preciso de um livro
uma coxa de frango
meia alface
verdade somente a mesa
se encontra posta

nada hiberna no nexo
(serei eu louco
nexo sem calçadas?)
desde já muros sobrepõem-se
para tudo inclusive homens
nada te atingirás fora de mim
(com certo orgulho me enojo do
espelho – nele nada se vocaliza)
enquanto que tu aí estás
sentado salmodiando um corpo
ou outro aqui eu me entrego
à boda ou ligeiramente mesmo
às núpcias de quem não tem corpo
já nos inventam tantas batalhas
que enfim chega a hora:
afastas a razão não restará
ledor sobre sentido
ouvido over lido

sábado, 3 de julho de 2010

No one listens to poetry. The ocean / Does not mean to be listened to. (Jack Spicer)



síntese 

pequeno pio meu caído do mundo 
sopro totalmente incorporado 
de um não-toque 
presença ignóbil capitulando 
fortitude oriunda do que nego 

quero-o muito 
desejo num soluço tê-lo aberto 
considero sugá-lo lá pelas onze 
mas quem dera 
quem serve num prato seu trago fugidio 
quem me dirá aonde minto 

certamente não vivo 
congelo no escrito o badalo da proscrição 
um signo para o limbo 


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Esta postagem tem como título versos do famoso poema Thing Language, de Jack Spicer. Você pode conhecer melhor o poeta e ler este belo poema aqui:

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