sábado, 6 de março de 2010

Sem vergonha II

difícil cantar algo quando
se está de ossos quebrados
eufemismos não viverão por mim

escondem coisas de minha
juventude mal inspirada
desaprumam sentidos que não
deveriam se fundir
ao desígnio divino

chove chove chove
ele está lá fora aqui
leio florbela espanca

então nada eleito vai
chorar pirraças a um plano
mais alto com certeza
do que nós

e permanecem não nos guardando
como se a luz não ligasse mas
que alguém ligue que gosto
mesmo dos cachorros

não nos guardam

inventam concretos
espinhos mudanças sustentam
coroas com tudo que não
corresponde à pressa com
que o mundo constrói
o desejo de um jovem

não nomeio nem indico
quem porque já o sabem
o céu as pedras as árvores
a cama a loucura

espero como um mato
que não se cansa de nascer

não nos guardam

Um comentário:

  1. S:
    Primeiramente, gostaria de agradecer o envio desta instigante poesia.
    Depois, gostaria de saber se é para o Tema do Mês ou não.
    Agradeço novamente, reiterando que você muito nos honra com sua participação no Duelos.
    Abração e ótima semana!

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