quinta-feira, 18 de março de 2010

Little folly

Antes que'u fuja da oportunidade de não ser ouvido, quero me lembrar da constância que brinca na não-relação entre o "que sempre será escrito" e o "que quase nunca é lido". Cai sobre minha cabeça (como tantos outros frutos sem história ou decisão no caminho da ciência) a consciência/sensação/certeza/quebranto de que enquanto se escreve, se vive. Vive, sim, na acepção maior da palavra em seu erro e má interpretação: não só mais aquele papo de que existe experiência, historicidade e tal no texto, mas sobre a fisiologia das coisas; da coisa que escreve e da coisa que é escrita; esta fingirá ser lida para que saia algum dia da angústia ou do cansaço, e se torne saturação ou esforço guardado numa galáxia a ser suposta...

Bem, segundo os desígnios divinos, a morada de madeira e esquecimento dos poemas não lidos e não escritos tem um destino; entretanto este fado é invólucro duma razão perdida e impalpável, que guarda o sucesso, a empatia ou o futuro (que muitos já o sabem como "o que nunca chega"). Este desígnio divino, porém não deve esperar minha morte, que seria um acerto, não fosse pela materialidade de tanta existência... Escrever sempre teve um gosto amargo.

Queridos, por mais que em breve derrame sorrisos num novo poema, cheio de vida, devo lembrar a todos a embriaguez que é o ato de desilusão. As palavras geralmente, por algum motivo, cansam... e especialmente, não nos convém alimentar esperanças sobre as boas intenções do poema saturado (pelo poeta); em estilicídio venho aprendendo a desenhar o que chamam de amor e tal... em busca do meu ser estar se tornando padrão-como-a-recepção, perco ainda mais vida em meio à tanta confusão. Talvez, em transformação em um ser padrão, eu não perca a tal da fé na vida. Seja o que o Senhor deixar...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Licença Creative Commons
gaveta, galáxia by Sebastião Ribeiro is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported License.