sábado, 6 de fevereiro de 2010

Amigos

O que consterna foram todas aquelas partes que se foram com o Tempo, ou seja, não estão no passado sozinhas. Provavelmente o Tempo, sem perguntas, os sente e descobre enfim que tudo irá mudar. Assim, alguns seres humanos que encheram de alegria a vida, ficaram no passado, sem morte, o que é pior. Crescendo, ninguém me perguntava dos ossos, ou das palavras, que línguas e formas que enfim surgem quando você ressurge em si mesmo. Absolutamente, estavam lá, mas não pararam a meu lado. E um receio teimoso se descobre nesta manhã, se, talvez, quem agora me ouve e segura não passará de cortina ao vento numa casa antiga, testemunha de galhos secos.

Por que isto acontece? Em meus anseios de crisálida não obrigo ninguém a descobrir que a morfose nunca é estática (claro!); quem sente, fica, observa, acaricia, mas não me impede de ir. Como impedir alguém de ir? Obrigar a não ir? Não faz parte de nada a obrigação, de nada digo que, de nada que dá prazer, óbvio. Amizades passaram a se conservar por status ou afinidade ou oportunidade; talvez por existirmos num tempo de pouca empatia e consciência da mudança, tudo que canta fora do ritmo conhecido parece, digamos, ameaçador. Muitos não ligam se sou um cultor da alma, curioso das teorias, das peculiaridades e destrezas estrelares, comportamentais, estranhas; não, creio que ninguém vê isso. Não aceite, respeite. Não condene, compreenda. O mundo não é um só.
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Amigos,

Este presente meio de expressão e disponibilização de ideias e alguma beleza, algum sentido, alguma emoção, alguma humanidade, está completando um ano de existência. Foram acontecendo evoluções, digressões, novidades, descobertas. Tive certas e especiais felicidades durante sua trilha. Agradeço profundamente a todos aqueles que me seguem, que comentam (com consistências, claro...), que encerram admiração pelos escritos. Especial menção a shintoni, Ana, do Duelos Literários, e a todos que viram neste blog uma mensagem diferente e expressaram isto. Sintam-se todos abraçados. 

A todos que ajudaram e ajudam, estejam próximos ou distantes (que distância?), a construir e renovar o sentido de tantas coisas aqui, meu sincero agradecimento.

Obrigado!

Como forma de comemorarmos, resolvi, além deste post acima, Amigos, oferecer um tipo de texto característico de minha pessoa e motivador deste espaço, mas que pouco exponho aqui. Curtam o poema: 

3

parar
perceber o agora
a fuga infundada do que sobra
do que é escrito e parado
para mim
para dois
para vários

a vida ainda escorre
estagna
sofre a influência do irreal
escopo de galáxias finitas
derramadas em incompreensões
relativas
parte absurda do universo
tão presente em palavra ou sono
estar aqui ainda é vida imprecisa
dionisíaca extremista
ainda vida calada posta
encostada vida
pútrida em seu signo
retorno de morada
ainda vida
estampada pedaço de si
caindo em fruta partida
headline insensato
vida

Um comentário:

  1. S:
    O início do texto com o seu convite já foi postado no Duelos, ok?
    Valeu por todo este tempo de amizade e colaboração.
    Parabéns para seu blog e muitos anos de vida!
    Abração e ótimo final de semana!

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