segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Experiência da ausência

Feche os olhos, veja suas mãos. Aquelas ideias de ontem já se perderam. A alegria foi uma chuva no telhado. O brainstorm também é uma chuva no telhado. Mas nos falta um sistema. Ontem foi um dia de alegria, e hoje também o é, mas encarecidamente pelos céus ou pelo chão mesmo, as palavras tomaram uma forma indecente, estão invisíveis. Eu tomo uma forma incrível, a de um poeta do silêncio.

Leiamos: corpo morto, mas inteiro, cheio de podridão e paraíso, mas silente. Silente como uma rosa. Eis que a rosa diz mais, posto que explode em vermelho significativo. Mas, e o cara que escreve? O que dele sobra? Dele sobra o terreno informe onde cresceu a rosa. Vejamos o dele se percebe:

como se faz um conjunto vazio?

Realmente, parece que o fato de estar morto é um exagero. Exagero é ele mesmo se esquecer entre o nojo que lhe dá o exagero. Muitos mundos ainda restam até um pouco de consciência ou coerência; bem sei que de longe quase nada se faz ou se fez, até que o silêncio teve de dar lugar ao ritmo tranquilo da re-consciência. Feche os olhos, veja suas mãos.

Expressando matematicamente o que ocorre, todos perceberão a pressa de uma vida em se expressar e tornar perfeito o canto de todo um espírito, o espírito de um Respondente, como Whitman sugere. Fechei minhas mãos e abri os olhos para poder ler Rilke. E me calei. E agora sei que me calarei onde e até for possível, que minha tristeza ainda assim é uma rosa de vermelho significativo.

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