quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Hei, hoje!

Pelo dito e pelo não dito, mais uma vez estou aqui, crente que ao meu redor não existem trevas suficientes para abarcar-me... mas elas de fato estão muito fracas. E assim, propositalmente, sei que não estou arrebatado deveras para encher-lhes os olhos de luz e cor, mas pretendo continuar a tecer meu papel crítico frente ao que ainda faço: poesia.

Talvez não publique aqui tantos poemas, porque sinto que a linguagem proseada é mais eficiente para um primeiro contato; porém, especialmente porque vivo em constante reavaliação dos processos de criação. Porque vivo na pós-modernidade. Ontem durante uma aula, me abriram bem coração para isto. Então compreendi que meu silêncio, que tantas vezes compromete meu desejo de expressão, é resultado da condensação de tanta ânsia e de tanta pressão e de tanta pressa e de tanta verdade e de tanta asma, e isto faz com que acerte no que Meschonnic escreveu:

entre cada palavra um deserto
no interior das palavras o
deserto
e em cada letra eu
sou grato
ao silêncio
por tudo o que me permitiu
gritar

Henri Meschonnic

Não posso tomar uma decisão peremptória e corrente para meus rumos se estou emocionalmente e estupidamente envolvido em meu tempo (eita, que isto de pós-modernidade quebra meus dentes). Depois de dois livros prontos e muitas reinvenções, sei que a verdade é quista de uma maneira muitas vezes ilusória, mas ela é extremamente necessária à minha pessoa, e à de muitas ainda, por isso acredito na qualidade do eterno.

Então é claro o desafio, que enquanto estamos vivendo com esta libido para escrever, muitas dúvidas surgirão, mas grandes escritores são os que conseguirão persuadir estas paredes e montar sobre o entulho. A magnificência do mundo, para nós, escritores que procuram retratar seu tempo com compreensão, está provavelmente depois de nossos corpos. Entretanto somente viver nos revelará tais e tais maneiras de sobreviver além de um blog, ou um livro em si, ou ainda um prêmio ou um troféu; são estes modos excessivos de celebridade que às vezes me cegam, mas creio que estou ficando velho, e os prazeres absolutos e sonhados ainda são inacessíveis desde os primórdios de meu embrião. Enfim, entre contas e créditos, meus epitáfios já estão sendo escritos.

2 comentários:

  1. S:
    Hoje seu blog foi novamente indicado a um selo pelo Duelos, desta vez ao selo "Vale a Pena Ficar de Olho Nesse Blog!".
    Se quiser incluí-lo aqui, é só ir ao Duelos conferir!
    Abração e ótimo final de semana!

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  2. Sibilino:
    Que pena você não ter podido assistir ao duelo... Foi hilário! O show principal ficou por conta da torcida!
    O shintoni publicou hoje o duelochat e vi que até que ficou legalzinho. Já leu? Pena que não entram as falas da torcida, se estivessem lá você (e todos) iria se divertir como nós!
    Adorei este texto! Sibilino, sou sua fã total!
    Beijo!

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