sexta-feira, 17 de julho de 2009

Contradição

Esta primeira palavra, que poderia ser ‘parva’ ou ‘estupidez’, talvez ‘fraqueza’, mas, enfim, como para tudo que se sabe demais sempre há exiguidade, creio que chegou a minha vez de dizer que em meu discurso diário não existem milênios, e que, o que agora foi falado mal carrega o presente, despindo-se assim, dos diáfanos e das exuberâncias do brilho ou da cor.

Como um homem que se esquece do cansaço, atiro aos sábios as sugestões; muitos sabem a poesia como uma mágica, mas o instinto é imensamente pornográfico, e já não permite dores que não as totalmente explicáveis pelo corpo.

Como Whitman, bem que gostaria que me permitissem estirar-me numa relva perfeita com o mundo aos meus olhos; mas o que acho, é que quebro o protocolo da vida imensa quando admito que o silêncio seja um lirismo ideal. Tenho dito e extinguido tantas formas, que não tenho percebido neste instante que estou pregado no papel; agora é tarde pretender sonhar a intenção dos versos e sua incauta extensão de sentido, que é o que salva e coroa o que se diz ’poesia’.

O mundo (creiamos, suas flores, seus corpos, seus espelhos, seus álibis) é consciente somente nesta metalinguagem fastidiosa, não-plena e ferida. Mas, qual é o ponto, a matéria, the matter, o tema de tantos objetos poéticos? A lacuna desta pergunta e de sua resposta está no dia de hoje: o que é ouvido, sentido e saboreado? Aonde os homens se percebem? Aonde se quebram?

Pois, homens, é certo que só falamos a nós mesmos, e claro que humanidade não tem nada a ver com huma(u)nidade. Tantos fátuos voadores para nos criticar... de resto, só o prazer nos une. Mas, criar poesia para quê, com o quê e para quem, de que forma e quando? Onde?

Agora que o corpo está frio e espera sua cama de metal, lamento ter que voltar à realidade, com seus salários mínimos e rescisões, programas de integração social e vigias sobre as mercadorias que precisamos. Até agora, comer bem e descansar, dormir até tarde e dançar me parece o poema mais adequado, pois todas as problematizações e restrições estão do lado de fora de minha cabeça, naquele seu baú acre de confusões.

7 comentários:

  1. S:
    Valeu por sua participação no Duelos!
    Já está postado o texto! Como sempre, muito bom!
    Valeu mesmo!
    Abração e ótima semana!

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  2. Moço, isso é pura metafísica! Que texto bom!
    Li os demais da página e gostei muito. Vc remexe profundamente nas questões do humano e ainda traz referências de grandes cabeças da literatura.
    Muito bom o seu blog!
    Beijo!

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  3. S:
    O recado que você deixou para a Ana, publiquei no Duelos, pois achei muito interessante, ok?
    Gostaria de saber se o texto Contado é para a categoria Histórias Fantásticas ou não. Se não for, por favor, me deixe recado que posto amanhã, ok?
    Valeu mesmo!
    Abração!

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  4. S:
    Aquele seu texto será postado no dia 31, então, ok?
    Valeu mesmo!
    Abração!

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  5. Olá!!
    Evidentemente o conteúdo do seu blog meu caro.
    A poesia é uma forma romântica de se ver a vida.
    Vivo na realidade, mas penso no como poderia ser.
    Pra isso serve a poesia.
    Abraço!!!

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  6. Olá!
    Evidentemente o conteúdo do seu blog.
    A poesia é uma forma romântica de olhar a vida.
    Acredito que quando perdemos esse romântismo deixamos um pouco de viver.
    Forte Abraço!!!

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  7. S:
    Seu post de As Nossas Palavras foi postado hoje, ok?
    Amanhã é o dia do Tema do Mês.
    Valeu mesmo!
    Abração!

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