terça-feira, 30 de junho de 2009

Reinvenção

Monturos de confusão ainda sobressaem das nuvens (Isto não é exato, nem preciso. Inteligível?). Até onde posso beber de Pound ou Maiákovski, o que me espera é que:

1. Sou um homem sem imagens na cabeça;
2. Creio que todas as tentativas estuam em niilismo;
3. Minha alma é propensa a leituras que esparsam a vontade de escrever, mas não a concretizam.

Oh, tudo é tão delicado... Das minhas mãos tão presentes até as burocracias que me fazem sangrar. E o amor, o amor! Para amar alguns corpos (como Baudelaire sugeriu, de certa forma o mundo considera certos amores infectos...) preciso lavar, esconder ou cortar as mãos.

E creiamos que acabaram de ir todos os lirismos da última semana.
Pensemos na cama. Sintamos somente este corpo esparso e carente que inevitavelmente nos pertence, gotejando fluidos, como o que surge de algumas latas de lixo.

Percebemos que concatenação não é um dos meus fortes. Palavras já não se sabem legítimas, quando muito penduradas. Sou um todo inquieto e que caminha para a mudez todas as vezes que grito. Isto é prático e preciso (foi um pedaço daqui posto na tela, e simplesmente poderíamos considerar isto arte).

Quando decidir ou me possibilitar entender a mim ou aos outros, voltarei e anunciarei algo quisto apocalíptico, pois que a beleza idílica ou a poeticidade fácil hoje são um problema.
Não nos percamos: problematização poética ou poeticização do problema?

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Cara (sense); coroa (nonsense)

Ah, como estou mal posto! Um doce para quem me enfiou neste alfinete!
Pois bem.
Por falta de uma técnica mais técnica, ou de uma retórica mais precisa, ou de uma rima obsedante (procuro o que é obsedante na vida...); ou de uma forma mais essencial... que a carne! Por falta de tudo isso, me peço a dúvida completa que é a coisa mais clara que a solução.
Hoje, de essencial, propenso ou ideal, nem a beleza.
A beleza, que quando bem exposta e recolocada, gravada e ritmada, torna-se uma distração extrasolar de conveniente, quando os olhos se apagam a cada dia.
Tenho dúvidas do que é conveniente na vida.

A vida (agora entendo), é o café da manhã, e é mais vida ainda quando de sono bato a cabeça no aço das janelas dos ônibus. Estamos correndo.

A atual situação de mim é que mastigo a mais ou menos um mês, todos os backspaces possíveis.
Ah, como mal me coloco!

Que situação estranha que os normais não entenderiam. Talvez só a conheçam num outro nível.
Amigo Rimbaud, me escute quando babo os travesseiros (os homens mortos andam me fascinando... Maiakóvski!).

De resto, é isto que ficou dito e não sei como ficou perdido.
De resto é isto, isto palpável, isto, somente isto no sentido deste instante, fique visto!
Isto!

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Fim de junho

As confissões que ainda restam comportam-se como pedras, mas não como aquelas bonitas, ao Sol, cobertas de musgo; realmente, parecem mesmo com as que ficam no caminho, e a gente chuta, movimenta, e então começa a admirar-lhe a forma ou a cor ou sei lá o quê.
Estão definitivamente sua matéria absoluta e primeira. As confissões, bem... De que valem sem o contexto. Minhas confissões são sobre o mundo.
Estamos na segunda quinzena de junho, mas já percebo seu fim, não só de mês, mas de tudo.
E sei como sei que o inverno ainda é paradoxo nos trópicos, enfim sei que fujo e não minto em direção ao niilismo. Se bem que não sei se enlouqueço ou não me reconheço; flutuar no silêncio ainda é resposta para todo tipo de amargura ou viagem, de toda temática. Lembro que terminei o segundo livro, e sei-o grande e sincero.
Desconfigurou-se minha realidade, minha técnica. Porém como o mundo passa, perderam-se quase todos os sentidos, menos o de perda e o de busca. O que fiz pra isto ser o que é, alguém pergunta. Somente estendi as mãos e procurei uma dor falsa.
Agora é minha carne que precisa de catarse, pois minhas pernas (pedaços de minha mente) se cansam, tão estranhas são as distâncias. Estas distâncias sem termos não têm senso. Meus dedos não o têm também. Meus olhos se escondem meus queridos: quis viver.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Um instante

Ontem minha epifania foi o cansaço. A epifania é se perceber mastigado pela burocracia, pelos governos, pelo desinteresse e o barulho que todos ao meu redor depositam no silêncio que cultivei, até pegar aquele ônibus que no infinito surge e da demora se destaca; ele é uma carcaça e eu, seu miolo.

Meus dias de poeta se acabam, pois o que deve ser ouvido? O que de mim merece ser dito? Eu minto? Retorno ao silêncio, que é absoluto, e certo estou que no escuro sempre entendo a tudo e todos. Por quê?

A coragem em me matar foi afogada por Deus, Ele bem sabe. E sei que dum profundo céu preciso, para esquecer a juventude que pulsa e os amores não tidos e os sonhos não construídos e as memórias puídas... Sei que sou pouco enquanto a vida me desloca sem pedir permissão ao meu senso de direção.

Enfim de um equilíbrio tolo estou vivendo, talvez só precise de uma boca em meu pescoço. Enfim de um equilíbrio tolo estou fazendo o que acho melhor e meu corpo entende: continuar a passar.
Licença Creative Commons
gaveta, galáxia by Sebastião Ribeiro is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported License.