quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mim quer ver o Sol, mim quer ver o Sol!

Aqui está um comentário que um Anônimo pôs em meu post, intitulado "Utilidade doméstica". Na íntegra:

"Anônimo disse...
Prezado amigo, vc pensa demais, procure apenas observar o nascer do Sol em cada dia e diga a si mesmo " obrigado Senhor, continuo vivo " simplicidade, talvez seja a chave maior para o reconhecimento pessoal...um abraço
"
24 de Abril de 2009 14:27

Ai, este tal do reconhecimento pessoal ainda me mata.... ui, ui!
Mas, here we go!

Sugeriram-me simplicidade, e tenho que dizer-vos algo revelador e chocante; por favor, impeçam os homens de jogarem-se ou as mulheres de ingerir cianureto: MINHA LINGUAGEM NÃO É EXATA! Explico.

Simplicidade é o quê? Meio mediocridade ou um tom pastel? Uma estrutura manipulável? Creio que tomadas as proporções, esta pergunta é a resposta. Você quem concebeu a dúvida, não constrói a solução? A poesia é dominável, mas dificilmente manipulável. Meu poder é sobre a construção. O propósito está na criação, e não na construção. Propósito é intenção, não é? Creio que também já disse, aqui ou em meus sonhos, que lido com miudezas, sutilezas, algos inefáveis. É outro Universo, revisitado e discutido, mas não por mim inventado. Construído... Está além. Do momento em que distorço o caminho natural da concepção de um poema, os dedos se voltam para mim mesmo. Manjam não poderem ultrapassar os penhascos nos videogames? Muito parecido!

Cidadão, você não constrói com alguma intenção? Aí a questão é idiossincrásica: comigo não é assim. Porém é sempre delicioso recordar que nada neste pedaço de torrão chamado Terra, é absoluto. Que venha Aquiles e seu calcanhar!

Poeta nenhum nasceu para despertar poesia em alguém normal. Normal que digo, é aquele indivíduo cotidiano, burocrático, prático demais, enfim, um expert! É isso que o mundo dos homens quer.

Concordo em gênero e número que existem dois tipos de poeta: os que leem e os que criam. O Mundo das Idéias e o Paraíso continuam além, é este o sentido, é este o motivo pelo qual ainda estamos nos traduzindo... E na língua do homem só existe uma concepção simplista e esperada, além do silêncio: o desconhecido.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Tirem-lhe o mofo e as teias!


( Toulouse-Lautrec, o cara!) www.pathguy.com/lectures/toulouse_lautrec.jpg



Estive meio morto por estes dias. Assim, desconstruído, médio. Vocês sabem quando os pratos escorregam das mãos? Pois é quase isto.É isto que te digo em meio aos laços da cidade. Saiba, pois, que estive pensando não mais repetir as palavras, vossos olhos estão cansados. Deixe que eu te leve ao silêncio pelo meu verso inaudito. Você perdeu muitos interesses pelos séculos, ainda te espero. Te cabe mais explicações? Sim, as deixo.


Hoje só existem poetas retóricos, em neon. Só surgem estas placas de ensimesmamento delirante, os poemas parecem pinturas... que não são as de Toulouse-Lautrec! Não me repreendo nem me esqueço. Minha lira é inclusive transição, tentativa, erro, esquecimento.


Tu que me colhes e me aceitas, entendes, que te esclareço (peço por esclarecer-te) que em minhas palavras te carrego e te faço inclusive surgir por entre elas! Me esqueça, se quiseres. Não te esqueça que ainda escrevendo sou pequeno, só subscrevo vossa pequenez.

Tu que lês, não me mortifiques, pois sou somente a tentativa de nos unirmos.

VIII.

Pura a assíntota de silêncio e vida
do sabor estranho, epifania
da humanidade e suas idéias
recalcitrantes.

E meu mundo de famílias é um
tratado em terra inominável
flora inculta e deserta
da beleza incalculada.

Certos sentidos não existirão
em sendas velhas e monásticas
escondidas em mais uma curva
destes sons descartáveis.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Questões, esclarecimentos questórios

Tem alguém aí?

Absolutamente, a modernidade é compreensível. O Modernismo também. Não somente a escola artística, mas, enfim, a postura de que seus tempos nos cobrem. Absolutamente, ser moderno é ser sibilino? Impessoal? Pessoalíssimo? Cubo de concreto? Subjetivo? Cheio de idéias limítrofes, passo a noite, e não posso deixar de registrar (por mais fátuo e rotineiro que possa se tornar) na cabeça, o tempo que se processa nas questões fugidias de juventude e auto-consciência.

Máximas à parte, máximas confundem. São verdades que nos constroem, mas entre isto e definitivamente viver/encontrar seu estilo (ainda que escondido), a originalidade se perde. Por isso me pergunto: Ser moderno é ser original? Ser original é ser moderno? Original e humano? Humano é ser moderno? Humano e humano? Calado e humano? Calado?

Pound (o queridinho do meu momento) disse que em um bom escritor escolhe as palavras pelo seu "significado". Aliás, você se lembra disso? :

" Literatura é linguagem carregada de significado"
Ezra Pound

Eis uma máxima que deixa meu coração profuso. É altamente adequada e simples. Ela nos salva de nós mesmos! Mas seguí-la é uma transformação, algo como um cabresto. Viver sua arte vai constantemente se tornar um caminho tortuoso. Virão as questões de utilidade e existência, de certeza e estética, etc. E os olhos de todos, pra quê nos servem? Nos preenchem? Creio que sugerem, certamente, a própria criação. Isto basta? Bastar?! Para quê?.
As pessoas nos consomem, e teorias à parte, existiu um ego-punhal em cada poema, mas hoje há somente um anti-herói de si mesmo, mais público que autor, naquela dúvida que não acaba!

Entender-se ou sentir-se? A técnica com as palavras, os sons e as sugestões se tornaram profissões? Criação quer ser a resposta, coerência pede uma. Lembram de Pound? Sei que aquela imensidão de oceano que há lá fora, é somente, em essência,

hidrogênio hidrogênio oxigênio.

A natureza só pede por expressão.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pequena coisa incerta textual constante obsedante esquecível

Abri e escolhi escrever sobre "Destino". Dele só sei o agora: um energúmeno-infantil jovem e sua voz aguda, suas palavras arrastadas, por vezes ininteligíveis. À tarde depois do almoço, aliás, faltou água. Aliás, Pound diz coisas que me entortam, logo depois de ter me redimido e escrito dois poemas melhores que os dois últimos excluidos, atenção com a lixeira. E molengo e cru, só volto a busca. Destino é a busca. Quis ele no acaso aparecer debaixo de meu cursor. E não existe já mais nada, vocês vêm que tudo também não acaba, a contradição ambulante também. Encontrada a certeza, só o que tens nas mãos é mutável. Achei que expondo minha lírica ao mundo a liberdade me tomaria, mas, bem, ainda tem uma perna presa na porta da sala. Não sou um ensaísta, nem um intelectual, por enquanto ainda só me resta este tapete, em cima de mim. Pó, pó, pó! E cada verso é uma garrinha que risca o chão e se repete, só há isto a fazer. Quem vai me levantar do chão? Precisa? Estou buscando e isto que resta.
Luto e vomito, estou aqui, a saber.
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